As aflições da viuvez
TEXTO ÁUREO
“Honra as viúvas
que verdadeiramente são viúvas” (1 Tm 5.3).
Viúvas verdadeiramente viúvas são
aquelas que não têm parentes para cuidar delas. As viúvas que estão sem família
devem ser mulheres de oração, amor e temor a Deus. Com essas mulheres, a igreja
local tem uma responsabilidade [1Tm 5.5,16].
VERDADE PRÁTICA
A Igreja de Cristo deve acolher, com
amor e hospitalidade, toda pessoa vítima de violência.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Lucas 2.35-38; Tiago 1.27.
OBJETIVOS
·
Conceituar o estado da viuvez.
·
Descrever exemplos bíblicos de viuvez.
·
Destacar o aspecto social da viuvez.
PALAVRA CHAVE
Viuvez: Estado de viúvo ou
viúva; sentimento de desamparo, privação e solidão. Homem a quem morreu a
mulher e que não contraiu ainda novas núpcias. Adjetivo: Que é viúvo.
[Figurado] Privado; desamparado; isolado; abandonado. [No Brasil]: O que fica
só num conflito de que os outros desertam.
INTRODUÇÃO
Com esta lição, damos sequência ao
estudo dos dramas sociais iniciados com a lição 4, a que todo homem está
sujeito, mesmo os regenerados pela graça divina. Como nas lições anteriores, a
viuvez, que é uma figura bíblica da exclusão social, do desamparo gerado pela
vida em sociedade, ao lado do órfão e do estrangeiro, é fator que nos leva a
demonstrar o amor de Deus e o amor ao próximo. Esta situação, um processo
natural da vida humana que pode ser vivenciada por todos os homens, é uma
oportunidade para que a Igreja demonstre que é portadora do amor de Deus e que,
por isso, ama o próximo. Hoje, trataremos de um ministério muito importante
para o equilíbrio e a harmonia dentro da igreja, do ponto de vista material: a
ajuda àqueles que não têm os meios necessários para a sua subsistência, bem
como, o acolhimento daqueles que estão à margem da sociedade.
I. O CONCEITO DE VIUVEZ
1. Definição. A palavra
portuguesa Viúvo se origina do Latim viduus, solitário, abandonado,
vazio, que é como se sente uma pessoa que foi acompanhada por outra por muito
tempo e a perdeu. A definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa é
daquele cujo marido ou esposa morreu, e ainda não casou de novo, e
no sentido figurado: que está ou se sente em desamparo, desconsolo,
privação, solidão. Juridicamente, é o cônjuge sobrevivente de uma
sociedade conjugal que se dissolveu com a morte do outro componente. Uma
pessoa viúva (Latim vidua) se caracteriza por estar vazia da companhia que
durou vários anos. E é este vazio o causador de dramas sociais que poderão
afetar a vida, trazendo sofrimento, desespero, solidão. No Antigo testamento, é
utilizado o termo hebraico almanah (אלמנה) com o mesmo
significado da língua portuguesa. No Novo Testamento, encontramos o termo grego chera (χήρα),
cuja raiz tem origem em uma palavra que indica deficiência e que, além de
significar o que perdeu o cônjuge, também tem o significado de uma cidade
despida de seus habitantes e de suas riquezas, ou seja, traz, também, a ideia
de desamparo. A viuvez é o estado social e psicológico de um cônjuge quando da
perda do outro e não tenha contraído outras núpcias.
2. Exemplos nas Escrituras. A viuvez nas
Escrituras era um problema de gravidade monumental. Geralmente as viúvas nesse
período eram negligenciadas, ignoradas e esquecida. Ser viúva era estar fadada
ao esquecimento e ignomínia a não ser que tivesse um filho ou um parente que a
remisse. Por essa razão é que tanto o AT quanto o NT dão forte ênfase a se
demonstrar bondade para com as viúvas e ajudá-las em suas aflições. Tiago diz
que “a religião pura e imaculada consiste em visitar os órfãos e
as viúvas em suas tribulações” (Tg 1.27). Na Bíblia Sagrada, dois
exemplos de superação da viuvez são dignos de menção:
a) A profetisa Ana. Não sabemos muita coisa a
respeito da profetisa Ana (heb., hanah, significa “graça”), mas
sabemos que o Senhor quis que a conhecêssemos falando sobre ela em apenas três
versículos. Ali, Ele colocou o necessário para vermos nela uma mulher de Deus,
fiel e dedicada a Ele. Ela é mencionada unicamente no Evangelho
segundo Lucas, onde se relata que era filha de Fanuel e seria pertencente à
tribo de Aser, o oitavo filho de Jacó, o segundo pela ama de Lia, Zilpa (Gn
30.13; 35.26). Informa também que ela era viúva e tinha vivido com o marido
apenas por sete anos, não se afastando do templo e servindo a Deus em
jejuns e orações, de dia e de noite (Lc 2.37). Quando José e Maria
apresentaram Jesus no templo de Jerusalém para ser circuncidado ao oitavo dia,
conforme o costume da lei mosaica, Ana teria sido uma das pessoas que, assim
como Simeão tiveram o privilégio de ver de perto a vinda do Messias ao mundo.
Ana era uma verdadeira viúva, correspondendo à descrição que Paulo faz em 1Tm
5.3-5: pessoa do sexo feminino, que vive desamparada, pobre, mas que espera e
persevera de noite e de dia em oração. Não sabemos como seu cônjuge faleceu mas
podemos imaginar o sofrimento de Ana, os dias tristes e sombrios que ela teve
que enfrentar. Sendo uma serva de Deus, certamente, ela depositou no altar do
Senhor todos estes sentimentos e pediu a Ele o Seu conforto.
b) A viúva de Sarepta. Sarepta era uma pequena cidade
costeira fora das fronteiras de Israel, entre Tiro e Sidom. Está dentro do
território da Fenícia, de onde veio a terrível rainha Jezabel, rainha do rei
Acabe, que introduziu ativamente a adoração de Baal em Israel. Naquela época
pensava-se que os deuses pertenciam a uma cidade ou região específica. Bem no
próprio centro da adoração de Baal, Deus fez conhecidos Sua presença e Seu
poder. Por toda região, no reinado de Acabe, houve uma grande seca. Por três
anos e seis meses nem uma gota sequer de água caiu do céu. Esta seca fora
predita pelo profeta Elias, que perseguido por corruptos governantes, se refugia
junto ao ribeiro de Querite. Elias ficou em Querite, sendo sustentado pelos
corvos até o riacho secar. Em seguida, Deus usou a necessidade do profeta para
alcançar uma mulher na distante Sarepta. A viúva, lá fora, ajuntando lenha para
fazer uma última refeição para si mesma e para o filho, imediatamente
reconheceu Elias como um crente em Deus. O texto não diz o que foi, mas algo a
fez saber que Elias era um adorador do Senhor.Esse é o propósito divino para a
mulher ou o homem que se encontra na mesma condição: servir e honrar a Deus
independentemente das circunstâncias (Mc 12.41-44; 1 Tm 5.5).
SINOPSE DO TÓPICO
(I)
O conceito da viuvez se aplica quando do
estado social e psicológico do cônjuge que sofre a perda do outro.
II. O ASPECTO SOCIAL DA VIUVEZ
1. O desamparo na viuvez. O estado de
“viuvez” não se circunscreve apenas a um estado civil, decorrente da dissolução
do casamento pela morte do cônjuge, mas tem, em si mesma, a ideia de desamparo,
de falta de companhia, de solidão, de extrema perda que faz com que a pessoa
fique desolada, desamparada, sem ajuda, o que era extremamente compreensível
nos tempos bíblicos em que a mulher que, tendo se casado, perdia seu marido,
passava a viver uma situação extremamente precária, já que a mulher dependia do
marido para sobreviver numa sociedade em que não se dava à mulher qualquer
oportunidade de buscar, por si mesma, o seu sustento. A viuvez, sem dúvida
alguma, traz para o seu portador não só carências econômico-financeiras, pois,
ainda que hoje em dia a mulher esteja inserida no mercado de trabalho, não
resta dúvida de que a perda do cônjuge produz abalo significativo na renda
familiar (até porque são as necessidades econômico-financeiras que levam ambos
os cônjuges a trabalhar na atualidade), mas, também, um estado psicológico
adverso, pois se trata da perda de alguém que se amava e com quem se decidiu
formar uma vida em comum. Assim, ao lado de todo o abalo produzido pela morte,
já objeto de estudo na lição 3 deste trimestre, temos ainda esta carga
socioeconômica.
2. O amparo da Igreja. 1 Timóteo 5 define
a viúva verdadeira como aquela que está desolada, confia em Deus, etc., que é
encargo da igreja sustentar aquelas que são verdadeiramente viúvas. Segundo
Paulo, verdadeiramente viúva é aquela que não tinha família
para lhe amparar, com mais de 60 anos, que tenha sido fiel ao seu marido,
zelosa pelo lar e pela vida cristã (v.4-5, 9-10). Tiago fala sobre a
importância de mostrar fé ativa e obediente, e de deixar a palavra de Deus
entrar nas profundezas do coração, exige mudanças radicais na vida do
discípulo. Entre outras exortações, ele descreveu bem a religião que agrada a
Deus: A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é
esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo
guardar-se incontaminado do mundo (Tg 1.27). Através da Bíblia,
órfãos, viúvas e pobres são as pessoas que mais necessitam da bondade dos
servos de Deus, e cada discípulo deve estar pronto e disposto a ajudar. Como
defende Paulo em Efésios 4.28, o verdadeiro crente deve organizar-se para ter o
que repartir com os necessitados. Muitos são os textos bíblicos que
chamam a atenção da igreja local para atuar socialmente junto às viúvas (Dt
24.19; 26.12,13; Sl 67.6; Is 1.17; 1 Tm 5.16). “Tenho-vos mostrado em tudo
que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as
palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber” (At 20.35). Para superar a aflição psicológico-afetiva adversa que
acompanha o estado de viuvez, faz-se mister que cooperemos para que esta
sensação de solidão e de desamparo seja mitigado entre os viúvos, fazendo que
com se relacionem conosco nos momentos de alegria e de confraternização, não os
deixando sós, mas os incentivando e os estimulando a travar relacionamentos
fraternos com os seus irmãos, com os que com eles convivem. O tratamento com
dignidade não envolve apenas o exercício da filantropia, com a entrega de
recursos mínimos para a sobrevivência material da viúva, ou atitudes que
envolvam a viúva nos relacionamentos sociais, minorando a sua solidão, mas
também requer o tratamento diante de seus direitos, o reconhecimento de sua
cidadania. As viúvas devem ser honradas na Casa do Senhor. Tal amparo não pode
ser apenas de palavras, mas de ação social, psicológica e espiritual.
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
O estado existencial da viuvez denota o
desamparo social da viúva. Logo, a igreja local tem a função de ampará-la nesse
processo.
CONCLUSÃO
A viuvez é um estado social que
abarca milhares de pessoas. É um processo natural da vida humana. Algumas
pessoas lidam bem com esta nova realidade, mas outras têm a insegurança
existencial que paralisam a sociabilidade e a espiritualidade da vida. A
Bíblia apresenta a viúva como uma pessoa necessitada em termos de proteção e
sustento, e que deve ser honrada e respeitada. Conquanto seja uma situação
sobremodo aflitiva, a viuvez como a exclusão social, deve ser um motivo para
reconhecermos a soberania de Deus, bem como experimentarmos o Seu imenso amor
para com a humanidade. Se virmos esta situação sob este ponto-de-vista e como o
Senhor, apesar de ter ceifado a vida do cônjuge, quer Se manifestar no
tratamento desta questão teremos mais uma razão para adorá-lo e bendizê-lo.
Basta fazermos o que Ele nos ensina em Sua Palavra.
NOTAS
BIBLIOGRÁFICAS
TEXTOS UTILIZADOS:
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
-. Lições Bíblicas do 2º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja; Comentarista: Claudionor de Andrade; CPAD;
OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
-. http://www.portalebd.org.br/files/3T2012_L5_caramuru.pdf;
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de Janeiro: CPAD, 2011;
-. http://www.portalebd.org.br/files/3T2012_L5_caramuru.pdf;
Os textos das referências bíblicas foram extraídos do
site http://www.bibliaonline.com.br/ , na versão Almeida Corrigida e
Revisada Fiel, salvo indicação específica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário