A morte para o verdadeiro cristão
TEXTO ÁUREO
“Porque para mim o
viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21).
O verdadeiro crente, vivendo
no centro da vontade de Deus, não precisa ter medo da morte. Ele sabe que Deus
tem um propósito para o seu viver, e que a morte, quando ela vier, é
simplesmente o fim da sua missão terrestre, e o início de uma vida mais gloriosa
com Cristo (VV. 20-25) [a]. Paulo quando
escreve esse texto, não anseia pela morte, mas por uma presença mais próxima de
Cristo que a morte trará. Enquanto isso, ele tem uma forte sensação de que deve
permanecer entre eles para que aqueles crentes cresçam e amadureçam na fé.
VERDADE PRÁTICA
Para o crente, a
morte não é o fim da vida, mas o início de uma plena, sublime e eterna comunhão
com Deus.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
1 Coríntios 15.51-57.
OBJETIVOS
·
Conceituar técnica e biblicamente o evento da
morte;
·
Explicar a morte no Antigo e Novo Testamento;
e
·
Saber que a morte, apesar dos pesares, é o
início da vida eterna.
PALAVRA CHAVE
Morte: Interrupção
definitiva da vida terrena. (latim mors, mortis); Ato de morrer; O fim da vida;
Cessação da vida (animal ou vegetal); Destruição; Causa de ruína;Termo, fim[b].
INTRODUÇÃO
“Porque para mim o
viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Paulo quando
escreve esse texto, não anseia pela morte, mas por uma presença mais próxima de
Cristo que a morte trará. Enquanto isso, ele tem uma forte sensação de que deve
permanecer entre eles para que aqueles crentes cresçam e amadureçam na fé. Na
continuidade do texto de Fp 1, Paulo utiliza uma expressão em referência à
morte – o termo partir – que também é usada para tirar
pequenas estacas de barracas ou âncora de um barco; com isso, Paulo nos ensina
que a morte significa apenas levantar acampamento e continuar, ou içar as velas
para outro porto [c]. Não estamos
acostumados a ouvir ensinos acerca da morte, muito menos sobre como enfrentar
uma situação de perca de algum ente querido; não se arrisca a falar de um tema
tão triste e acabamos deixando esse assunto de lado e, o que é pior,
substituindo-o por coisas triviais e terrenas como se jamais fôssemos enfrentar
este momento. Todo homem, quer salvo ou não, está sujeito à morte, contudo, o crente
encara a morte de modo diferente do não salvo, pois para nós, ela não é o fim
da vida, mas um novo começo, como nos inspira Paulo, é um levantar acampamento
e partir para uma vida mais plena, é ser liberto de todas as aflições deste
mundo para ser revestido da vida e glória celestiais (2Co 5.1-5). Boa aula!
I. O QUE É A MORTE.
1. Conceito. Não é tarefa
fácil definir a morte. A morte (do latim mors), o óbito (do latim obitu),
falecimento (falecer+mento) ou passamento (passar+mento), ou ainda desencarne
(deixar a carne) são termos que podem referir-se tanto ao cessamento permanente
das atividades biológicas necessárias à manutenção da vida de um organismo,
como ao estado desse organismo depois do evento. Para a medicina, é a cessação
permanente da regulação cerebral das funções respiratórias, circulatórias e
outras atividades reflexas, mantendo-se a vida apenas com recurso a
dispositivos mecânicos que colmatam essa falta. A morte cerebral é definida
pela cessão de atividade elétrica no cérebro. Porém, aqueles que mantêm que
apenas o neo-córtex do cérebro é necessário para a consciência argumentam que
só a atividade elétrica do neo-córtex deve ser considerada para definir a
morte. Na maioria das vezes, é usada uma definição mais conservadora de morte:
a interrupção da atividade elétrica no cérebro como um todo, e não apenas no
neo-córtex, é adotada, como, por exemplo, na "Definição Uniforme de
Morte" nos Estados Unidos [d]
2. O que as Escrituras dizem? “O salário do
pecado é a morte” (Rm 6.23). Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a
humanidade está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da
morte e sob a inescapável ira de Deus (Rm 1.18,19; 3.9,19; 5.17,21). Quando
criado, Adão recebeu de Deus a promessa de confirmá-lo, a ele e a sua
posteridade, permanentemente nesse estado, se tão somente Adão mostrasse
fidelidade, obedecendo ao mandamento de Deus (Gn 2.17). Logo, vemos que Deus
não criou o homem para a morte, e isso explica porque ela é inaceitável para
nós. A morte física é, ao mesmo tempo, julgamento e bênção. Ela torna toda
atividade vã, porém livra o redimido da frustração terrena e abre o caminho
para uma salvação eterna, que perdura além do sepulcro (Sl 73.24; Pv 14.32).
3. É a separação da alma do corpo. Teologicamente, a
morte física separa a alma do corpo, o qual retorna à terra (Gn 3.21). Sabemos
que não escaparemos dela, a menos que Cristo volte antes que ela ocorra.
Felizmente, há uma certeza para nós: “Ora, o último inimigo a ser aniquilado
é a morte” (1Co 15.26). Quando se dará? Na ressurreição dos mortos em
Cristo, por ocasião da volta do Senhor Jesus. Em 1Coríntios 15.50-55, Paulo diz
que quando o nosso Senhor retornar à terra, os vivos subirão com os corpos
transformados, isto é, corpos íntegros e imortais. Então, se cumprirá a Palavra
de Deus: “Tragada foi a morte pela vitória” (1Co 15.54). Em 1Tessalonicenses
4.16,17, lemos que os que morreram em Cristo ressuscitarão e os que estiverem
vivos serão arrebatados com eles para viverem eternamente com o Senhor Jesus.
Já em Apocalipse 21.4, está escrito: “E Deus limpará de seus olhos toda a
lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as
primeiras coisas são passadas”. Isto é, a morte física terá seu fim.
SINOPSE DO TÓPICO
(I)
Tecnicamente a morte é o cessamento
clínico, cerebral e cardíaco irreversível do organismo. Biblicamente, porém, é
a separação entre o corpo e a alma.
II. A VIDA APÓS A MORTE.
1)“Morrendo o homem, porventura,
tornará a viver?” (Jó 14.14a) Jó nutria a crença de que, depois de morto,
estando no sheol, Deus o traria a vida outra vez. Jó possuía a crença na
ressurreição pessoal. Numa época longínqua, aquele homem já possuía uma certeza
e as respostas que a maioria dos homens em todas as épocas gostaria de
ter. Entretanto, as Escrituras têm as respostas a essas perguntas.
a) Sheol. Em
Salmos 16.10 e 49.14,15, o termo hebraico é “sheol”. Em grego o termo é hades,
o mundo dos mortos (como que um asilo subterrâneo), incluindo suas instalações
e seus ocupantes; - sepultura, inferno, abismo, Seol, morte. Salmos 16.10
afirma que os justos não foram criados para o Sheol, essa não é a morada
apropriada deles. Eles não serão deixados no sepulcro ou no Sheol, mas serão
resgatados desse lugar (Sl 49.15). Tais expressões denotam a idéia de
imortalidade da alma e a esperança de se estar diante de Deus após a
experiência da morte. Tal expectativa demonstra a certeza de que a morte não o
separará de Deus e declara profeticamente que os santos de Deus serão
ressuscitados em glória.
b) A esperança da ressurreição. O
patriarca Jó expressou profeticamente a certeza de que, depois de seu corpo se
desfazer no sepulcro, ele seria fisicamente ressuscitado e, em seu corpo
reditivo, contemplaria o seu redentor: “E depois que o meu corpo estiver
destruído e sem carne, verei a Deus” (19.26 cf. vv.23-25,27). O anseio de
Jó por ver seu Redentor excedia em muito todos os seus demais desejos; ele
aspirava pelo dia no qual veria a face do Senhor, plenamente redimido. O
salmista expressou-se a esse respeito da seguinte forma: “Quanto a mim, feita a
justiça, verei a tua face; quando despertar, ficarei satisfeito ao ver a tua
semelhança” (17.15 cf. 16.9-11). Este pode ter sido o versículo que o apóstolo
João tinha em mente quando escreveu sobre a ressurreição futura e as
recompensas para os que foram maltratados na vida presente (1Jo 3.2). Os
profetas Isaías e Daniel expõem a esperança da ressurreição como um encontro
irreversível com Deus (Is 26.19; Dn 12.2). Estas duas ressurreições são mais
explicadas em Ap 20.4-15; a primeira ressurreição acreditamos que sucederá
antes do milênio, e a segunda após o milênio, precisamente antes do julgamento
do grande trono branco. A ressurreição dos mortos justos confirma a esperança
da vida eterna. Logo, podemos afirmar categoricamente que o Antigo Testamento,
respalda, inclusive com riqueza de detalhes, que há vida e consciência após a
morte.
2. O que diz o Novo Testamento. A Bíblia refere-se
à morte do crente em termos consoladores. A morte para o justo, segundo Lucas,
é ser levado pelos anjos “para o seio de Abrão” (Lc 16.22); é ir ao
“paraíso”(Lc 23.43); é ir à casa do nosso Pai, onde há “muitas moradas” (Jo
14.2); é uma partida bem-aventurada para “estar com Cristo”(Fp 1.23), e é a
ocasião de receber a “coroa da justiça”(2Tm 4.8). Nossa corporal está garantida
pela ressurreição de Cristo (At 17.31; 1Co 15.12, 20-23). Essas porções
bíblicas ensinam claramente a sobrevivência da alma humana fora do corpo, quer
do salvo, quer do ímpio, após a morte. Jesus nos ensina acerca de uma
ressurreição da vida, para o crente, e de uma ressurreição de juízo, para o
ímpio (Jo 5.28,29). O crente passa do tempo para a eternidade. Paulo usou o
substantivo grego kerdos significando ganho, o adjetivo kreitton significando
maior, melhor ou superior, e o advérbio mallonsignificando mais ou
muito mais em Filipenses 1.21-23. A combinação das palavras prova que o crente
falecido não se torna inferior a uma pessoa quando ele morre: “Porque para
mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar
com a glória que em nós há de ser revelada... E não só ela, mas nós mesmos, que
temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.18,23). O corpo redimido
será a finalização ou perfeição do que Deus o Espírito Santo começou na
regeneração. O Espírito aplicou o que o Filho de Deus providenciou em Sua
morte. O que o Filho providenciou foi em favor do eleito que o Pai lhe deu
antes da fundação do mundo [e].
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
As Escrituras denotam o dom da vida como
uma existência infinita e, após o evento da morte, o início de uma história
eterna de comunhão com Deus.
III. MORTE, O INÍCIO DA VIDA ETERNA.
1. Esperança, apesar do luto. “[...] quem crê em
mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11.25). O crente não teme a morte.
Assim como se expressou o salmista, dizemos: "Ainda que eu andasse pelo
vale da sombra da morte, não temeria mal algum …" (Sl 23.5); temos
convicção de que a morte não é o fim de tudo. O homem não morre como a besta do
campo e o crente morre como alguém sem esperança. Pela graça ele crê que Deus
lhe deu a vida eterna, e que a morte é o meio pelo qual ele passa para uma
experiência mais gloriosa dessa vida: "Tragada foi à morte na vitória"
(1Co 15.54). Embora seu corpo retorne ao pó, o mesmo não permanecerá nessa
corrupção. Ele será levantado dentre os mortos. O corruptível se vestirá de
incorrupção, e o mortal de imortalidade. "Porque o mesmo Senhor descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro" (1Ts 4.16).
2. A morte de Cristo e a certeza da
vida eterna. O Pai entregou seu Filho em favor da humanidade, e assim o fez
simplesmente por amor (Jo 3.16). Já pensou se Jesus não tivesse ressuscitado
dentre os mortos? Certamente permaneceríamos mortos em nossos delitos e
pecados; Se o Senhor não tivesse ressuscitado, ainda seríamos escravos do
pecado; Se Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos, estaríamos fazendo
a vontade da carne, andando segundo o curso deste mundo, conforme a vontade do
seu governante e estaríamos irremediavelmente sem esperança da vida Eterna.
Essa é a razão pela qual o crente espera avidamente a vinda de Cristo. Ele
anseia pelo dia quando será transformado "num momento, num abrir e fechar
de olhos, ante a última trombeta" (1Co 15.52). Nesse momento glorioso
todos do povo de Deus serão glorificados e entrarão na bem-aventurança dos
novos céus e nova terra. Assim, a oração diária de todo filho de Deus é:
"Ora vem, Senhor Jesus" (Ap 22.20). Mas isso não é tudo. A esperança
do crente não é somente que ele será ressuscitado dentre os mortos quando
Cristo retornar, mas que após a morte ele entrará imediatamente na presença de
Cristo. O filho de Deus espera Cristo vir na morte para levá-lo ao céu, da
mesma forma que espera ele vir no final do mundo. Embora o corpo retorne ao pó
e não será ressuscitado até o último dia, na morte, a alma é levada ao céu. Na
morte, o crente desfruta conscientemente da bem-aventurança de estar com o seu
Senhor e Salvador.
3. A morte: o desfrutar da vida
eterna. O livro de Eclesiastes, atribuído tradicionalmente ao rei Salomão,
afirma que o dia da morte do crente é melhor do que o dia do seu nascimento: “Melhor
é a boa fama do que o melhor unguento, e o dia da morte, do que o dia do
nascimento de alguém” (Ec 7.1). Todos os dias do crente sobre a terra são
bons, mas estar com Cristo na glória eterna será ainda melhor. No dizer de
Paulo, o apogeu da bênção seria partir para estar com Cristo na glória: “Porque
para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der
fruto da minha obra, não sei, então, o que deva escolher. Mas de ambos os lados
estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda
muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne”
(Fp 1.21-24). O crente olha para a morte como uma partida da imperfeição para
perfeição (2Tm 4.6). Paulo viveu uma vida espiritual progressiva. Ela não foi
ausente de dificuldade, perseguição e sofrimento. Contudo, essa vida estava em
preparação para a morte, pois ele aguardava a experiência com confiança alegre
e expectativa esperançosa. A morte, para todo crente, deixa de ser um inimigo,
pois Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, destruiu o poder da morte.
Para o crente, morrer é lucro, pois implica em descansar na presença do
Salvador.
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
Apesar da dor e do luto, para o cristão,
a morte é o início do desfrutar da vida eterna.
CONCLUSÃO
As Escrituras falam da morte do
crente de um modo bastante consolador. É na morte de Cristo que o crente é
solicitado a transformar sua morte num lugar privilegiado do encontro
derradeiro com o Pai, numa decisão de amor pessoal e de decisão definitiva
acerca de seu destino. Viver e morrer para o crente significa aceitar a
passagem pascal, onde a doação a Cristo e aos irmãos não se realiza sem
dificuldades e desilusões, sem passar pelas inúmeras mortes cotidianas até a
morte física, etapa obrigatória criada pelo ato redentor de suprema doação de
Cristo que morre por amor e ressuscita para que nós possamos ressuscitar com
Ele. Agora vivemos uma vida nova, porque aquele que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos, dará a vida também aos nossos corpos mortais (Rm 8.11).
NOTAS
BIBLIOGRÁFICAS
TEXTOS UTILIZADOS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Palavra Chave Hebraico e Grego, - 2ª Ed.; 2ª reimpr. Rio de
Janeiro: CPAD, 2011;
-. RHODES, R. Por que coisas ruins acontecem se Deus é bom? 1.ed.,
RJ: CPAD, 2010;
-. GEISLER, N. Teologia Sistemática: Pecado, Salvação,
A Igreja e As Últimas Coisas. 1.ed., Vol.2, RJ: CPAD, 2010;
-. SEAMANDS, S. Feridas que Curam: Levando Nossos
Sofrimentos à Cruz. 1.ed., RJ: CPAD, 2006.
Os textos das referências bíblicas foram extraídos do
site http://www.bibliaonline.com.br/ , na versão Almeida Corrigida e
Revisada Fiel, salvo indicação específica.