O Exercício Ministerial na Casa do Senhor
TEXTO ÁUREO
“Ora,
além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja
encontrado fiel” (1Co 4.2)
Despenseiros,
oikonomos; Strong 3623: Comparar com ‘economia’. De oikos, ‘casa’ e Nemo,
‘dispor’. A palavra originalmente se referia ao administrador de uma família ou
propriedade, e depois, em um sentido mais amplo, denotava um administrador ou
mordomo em geral. Em 1Co 4.1 e Tt 1.7, refere-se aos ministros cristãos; mas em
1Pe 4.10, denota os cristãos em geral, usando os dons confiados a eles pelo
Senhor para o fortalecimento e estímulo dos companheiros crentes [1]. Um despenseiro tinha total
responsabilidade pela família e devia explicações apenas ao proprietário, que
podia tomar decisões finais sozinhos. O despenseiro devia ser fiel em fazer
para a família exatamente o que lhe tinha sido confiado. Da mesma maneira, os
ministros não devem expor nada além menos do que toda a vontade de Deus [2].
VERDADE
PRÁTICA
O verdadeiro líder age com sabedoria e prudência,
porque sabe que a sua autoridade procede do soberano e único Deus.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Neemias 13.1-8.
OBJETIVO
DA LIÇÃO
- Conscientizar-se de que o líder deve ser comprometido com o Reino de Deus;
- Saber que os recursos financeiros na Casa de Deus devem ser administrados com transparência e fidelidade; e
- Compreender que as ofertas e dízimos são importantes para a expansão do Evangelho.
Palavra Chave
Ministro: [Do lat. Ministrum] servidor, servo.
I. Introdução
Somente o Espírito Santo pode produzir as virtudes
que constituem o chamado ‘fruto do Espírito’ na vida dos regenerados,
daqueles que devem ser distinguidos pelo caráter íntegro. Estar cheio do
Espírito nos chama tanto para a integridade de caráter quanto para o exercício
dos dons espirituais. As características do fruto do Espírito devem crescer em
nossa vida da mesma forma que os dons do Espírito recebidos e exercitados para
o serviço em prol da igreja. Nesse sentido, não podemos produzir sozinhos nem
um nem o outro; apenas uma vida completamente controlada pelo Espírito Santo
possuirá todas essas graças. Note-se, ainda, que não alcançaremos o caráter
ideal observando algum código de leis/obrigações ou de uma lista de ‘pode-não
pode’. Somos chamados para amar e servir o próximo da mesma forma como Jesus
fez, inclusive com o mesmo poder do Espírito Santo e com a mesma liberdade
graciosa. Nosso caráter é trabalhado pelo Espírito Santo que nos vai tornando,
dia a dia, mais útil a Deus, à sua Igreja e ao próximo (Gl 5.22).
II.
Desenvolvimento
I. A CONTAMINAÇÃO DO MINISTÉRIO
1. O sacerdote aparentado com o ímpio. Na história de Israel o sincretismo (mistura com
várias religiões) tinha sido a causa de sua queda. Neemias toma o devido
cuidado de relembrar ao remanescente os motivos pelos quais haviam passado por
tanta dor e sofrimento, e toma medidas para assegurar que o Israel restaurado
nunca mais tomasse a atitude de acrescentar outros deuses ao culto Javístico.
Ele sabia que a uma santidade genuína deve ser ativa e dinâmica, não passiva e
estática; é preciso remover os caminhos do mundo, cortando pela raiz, onde quer
que tenham se tornado parte da vida do crente ou da igreja; é preciso rejeitar
os compromissos carnais e alianças ímpias. Eliasibe, apesar de ser o sumo
sacerdote (Ne 13.28), ignorando as demandas da lei divina e o árduo trabalho de
Neemias, começou a agir permissivamente em relação à administração da Casa de
Deus; Eliasibe, encarregado dos depósitos do templo, onde as ofertas em espécie
do povo eram armazenadas, na ausência de Neemias, cedeu uma grande sala para
uso de Tobias, anteriormente usada para guardar ofertas e os utensílios do
templo. Tobias é aquele aliado de Sambalate, o árabe Gesém e os demais inimigos
de Israel que opuseram-se à reconstrução dos muros de Jerusalém. Em sua
condição de amonita, não poderia sequer adentrar ao templo, quanto mais ocupar
um ‘apartamento’ nele. Mas, como tudo indica, era genro do sacerdote Secanias e
aparentado com Eliasibe, e tinha muita influência entre os nobres de Judá (Ne
6.17-19). A presença de Tobias fez sair os utensílios do templo, o azeite, o
incenso, a adoração, os dízimos, a oferta, a alegria. Se permitirmos que
‘Tobias’ se acomode no ‘templo’, não haverá espaço para santidade, não haverá
espaço para o temor (At 2.43).
2.
Privilégios abusivos (Ne 13.5). Parece-me
que semelhanças à esse evento específico da história de Israel são encontradas
hoje na história atual e recente da Igreja, em especial a Igreja brasileira.
Parece que Tobias ainda mantém sua influência sobre muitos hoje. Infelizmente
também temos os “Eliasibes” abrindo as portas para os “Tobias”. Nesta época de
muita efusão tele-evangélica, crescimento numérico de denominações, busca desenfreado
pelo ‘consumo’ de bênçãos, há pouquíssimo movimento sincero e genuinamente
espiritual. O templo foi profanado pelo espírito ambicioso de Tobias, que quer
a todo custo ‘fazer sua cama’ por trás dos púlpitos. Eliasibe
deixou de cumprir a sua obrigação; não tinha mais cuidado com as coisas de
Deus, e também não estava cumprindo o que foi estabelecido em Ne 12.44-47;
havia se aparentado com Tobias, que era amonita, e veio a beneficiar justamente
o arqui-inimigo do povo de Deus. Não é de arrepiar esse quadro quando comparado
ao atual? O próprio comentarista da revista escreve em uma de suas obras: “Em
um determinado Estado, o líder escriturava os imóveis, terrenos e templos em
seu próprio nome. Quando foi disciplinado pelo ministério por ter caído em
pecado, achou que os templos e os terrenos lhe pertenciam, pois estavam
registrados em seu nome, mas, na verdade, foram adquiridos com as contribuições
dos fiéis. Isso é corrupção, descalabro moral, além de pecado gravíssimo diante
de Deus” [3]. Fomos constituídos por Cristo para
sermos o exemplo dos santos, conforme recomenda Paulo a Timóteo: “Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra,
no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (1Tm 4.12). O Rev. Hernandes
Dias Lopes em seu artigo intitulado ‘Escolhendo a liderança da igreja’,
disponível no linkhttp://hernandesdiaslopes.com.br/2010/05/escolhendo-a-lideranca-da-igreja/,
afirma que “É Deus quem escolhe, chama e capacita a liderança da sua igreja.
É Deus quem dá pastores à sua igreja. É o Espírito Santo quem constitui
presbíteros na igreja. A igreja expressa à vontade de Deus pelo voto, mas em
última instância é o próprio Deus quem escolhe aqueles a quem ele mesmo quer
para pastorear as suas ovelhas. Hoje, esta igreja estará escolhendo, sob a
orientação divina, presbíteros e diáconos. Nossa oração é que, aqueles que
forem eleitos, sejam homens cheios do Espírito Santo, dedicados ao pastoreio do
rebanho de Deus”, e destaca ainda, cinco características que o líder deve
possuir em seu perfil: ‘o líder precisa andar com Deus antes de fazer a
obra de Deus’; ‘o líder precisa ter consciência do seu chamado divino’; ‘o
líder precisa cuidar de si mesmo e do rebanho de Deus’; ‘o líder precisa
proteger as ovelhas dos falsos ensinos’; e ‘o líder precisa ter motivações
corretas no pastoreio do rebanho de Deus’. Entendemos que ‘Vida com Deus’
precede ‘trabalho para Deus’; a vida do líder é a vida da sua liderança. O
interesse divino está centrado mais em quem o líder é do que naquilo que o
líder faz. O líder tem a obrigação de proceder corretamente, zelar pelo rebanho
que lhe foi confiado, com motivações corretas, buscando sempre os interesses de
Cristo e da igreja em detrimento de vantagens pessoais. É importante ainda,
salientar que o líder tem a obrigação de apascentar o rebanho com dedicação,
amor e zelo, e não como é cada vez mais comum, como que tendo rigoroso domínio.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Eliasibe, o Sumo Sacerdote, passou agir com permissividade na
administração da Casa de Deus.
II. A JUSTA INDIGNAÇÃO DO HOMEM DE
DEUS
1. A firmeza de um líder. Neemias era íntegro e ele nos mostrou que a
integridade vem a partir de um compromisso com a Palavra de Deus. O mal nunca
se vê tão satisfeito como quando está alojado firmemente no centro da obra de
Deus. A purificação do templo por Neemias nos faz lembrar o zelo e ira justa de
Jesus quando purificou o templo (Jo 2.13-17). Para os judeus sinceros, o templo
era considerado a morada da presença de Deus imagine o que sentiu Neemias ao se
deparar com Tobias ocupando um aposento da morada de Deus! Pela sua firmeza,
Neemias apresenta-nos grandes lições para o crente e princípios de liderança
para os obreiros chamados para a grande obra do Senhor. Cabe-nos agora,
aprendermos essas lições e aplicá-las no dia-a-dia.
2. A resposta do povo. Liderança eficaz traz confiança por parte dos
liderados. Neemias restaurou a totalidade do culto no templo, corrigiu as
falhas e pôs cada indivíduo no seu devido lugar. Agora os judeus sentem firmeza
em contribuir trazendo suas ofertas e depositando-as naquele aposento onde
antes o desviado Eliasibe colocara Tobias: “Então, todo o Judá trouxe os
dízimos do grão, e do mosto, e do azeite aos celeiros” (Ne 13.12). Quando
há transparência, correta aplicação, compromisso sincero com o emprego daquilo
que é entregue à ‘casa do tesouro’, e obreiros que se esmeram quando à frente
desse espinhoso trabalho, certamente o povo alegremente cooperará “Também no
mesmo dia se nomearam homens sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas
alçadas, das primícias, dos dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das
cidades, as partes da lei para os sacerdotes e para os levitas; porque
Judá estava alegre por causa dos sacerdotes e dos levitas que assistiam ali”
(Ne 12.44).
3. O procedimento do líder cristão. O que mais estamos assistindo hoje?
Lideranças cristãs envolvidas em escândalos. Mas, é importante salientar que
pode até parecer que muitos líderes cristãos estejam envolvidos em escândalos,
talvez devido à atenção exagerada que a mídia secular dispensa a tais
escândalos vindos de um setor que, até pouco tempo, era caracterizado pela
lisura, pelo procedimento exemplar. Certamente Deus tem reservado os seus ‘sete
mil’ que não se curvaram à Baal, que não se vendem por ninharias, milhares de
líderes cristãos, pastores, professores, missionários, evangelistas que jamais
se associou a alguma coisa “escandalosa”. Felizmente, a grande maioria dos
crentes é constituída por homens e mulheres que amam ao Deus que os resgatou,
são fiéis aos seus cônjuges e famílias, e agem cotidianamente com grande
honestidade e integridade. Estamos em guerra e sabemos que o inimigo possui
habilidade em transformar o fracasso de alguns em arma de ataque contra o
caráter de todos e a mídia ‘compra’ isso, e o homem natural ‘consome’ esse tipo
de informação avidamente. À semelhança de Neemias, jamais abusemos da
autoridade que nos confiou o Senhor Jesus, mas ajamos com toda sabedoria e
prudência (Rm 12.8; 1 Pe 5.1-4). A liderança cristã não é algo misterioso para
uns poucos escolhidos com um dom especial de sabedoria. Os princípios estão
disponíveis para todos, inclusive para os que não têm o chamado para um oficio
bíblico. Estes princípios influem nos dons das pessoas, com ou sem títulos. Aos
que Deus escolheu para a liderança, Paulo lhes disse: “Toda Escritura divinamente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para
instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
instruído para toda boa obra” (2Tm 3.16-17).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Neemias retornou a Jerusalém e ficou indignado com o mal que a péssima
administração de Eliasibe fizera ao povo de Deus.
III. HONESTIDADE E TRANSPARÊNCIA NA
ADMINISTRAÇÃO
1. A razão da necessidade dos recursos financeiros
na igreja. “Do Senhor é a terra e a sua
plenitude, bem como o mundo e todos os seus habitantes” (Sl 24.1; At
17.25). Não obstante declamarmos este salmo com tanta ênfase, a questão
financeira está no âmago dos maiores problemas das igrejas. Muitas denominações
estão enriquecendo ao exigir dízimos de seus membros para o financiamento de
estilos de vida extravagantes da liderança; não é novidade o emprego dos
recursos financeiros da igreja para construir grandes empresas. Contudo, não
podemos ignorar que a expansão do Reino demanda investimentos humanos e
materiais. O próprio Jesus e os apóstolos foram mantidos por ajudas financeiras.
Todavia, não podemos nos esquecer que o Senhor requer os mais altos padrões
morais para os ministros da Igreja, pois Ele sabe que se a liderança não for
irrepreensível, a igreja se afastará da justiça pela falta de exemplos que
sirvam de parâmetros. Temos de agir com total fidelidade e transparência (Tt
1.7).
2. A procedência dos recursos da igreja. As igrejas do Novo Testamento usavam seus
recursos financeiros para difundir o evangelho, entendendo que a missão
principal da igreja é espiritual (1Tm 3.15). Exemplos deste emprego dos fundos
arrecadados incluem o sustento financeiro de homens que pregavam o evangelho
(1Co 9.1-15; 2Co 11.8; Fp 4.10-18), e dos que serviam como presbíteros (1Tm
5.17-18); quando os crentes pobres necessitavam de assistência, o dinheiro da
oferta era usado para acudir àquelas necessidades (At 4.32-37; 6.1-4). Estes
recursos eram provenientes dos dízimos e das ofertas dos santos, nunca dos
cofres do império. Não cabe à Igreja de Cristo depender financeiramente do
Estado ou de qualquer outra fonte que não seja a oferta voluntária de seus
membros. Isso não quer dizer que não se deve receber ajuda oficial para manter
obras assistenciais desenvolvidas pela igreja, de forma alguma. Mas é imperioso
que a ética seja a tônica nesse negócio e que não haja a mistura entre o
sagrado e o profano, entre aquilo que entra na ‘vasa do tesouro’ como fruto do
reconhecimento da soberania divina e o que é recebido de dotações do poder
público, já que isso está previsto em lei (Tg 1.27).
3.
Zelo pelos recursos da igreja. A
igreja é a casa de Deus (1Tm 3.15), e deve fazer uso dos seus recursos
financeiros como determina o cabeça dessa família espiritual. Enquanto cada
crente tem o poder de decidir como usar seus próprios recursos (At 5.4), a
igreja deve usar exclusivamente para realizar aquilo que a Palavra autoriza.
Além do mais, as finanças da igreja local devem ser empregadas com fidelidade,
sabedoria e transparência na expansão do Reino de Deus e no socorro aos mais
necessitados. A missão principal da igreja é espiritual, assim, seus
recursos devem ser utilizados unicamente para cumprir sua missão de divulgar a
palavra e exaltar o nome de Deus.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A Igreja e sua obra são sustentadas pelas ofertas e dízimos dos fiéis.
III. Conclusão
O crente deve estar satisfeito desde que seja alvo
das bênçãos espirituais e receba o necessário e essencial desta vida, como
alimento, vestuário e teto. Se não estivermos comprometidos com a Palavra de
Deus, cairemos em várias tentações, inclusive – e em especial – ‘fechar’ a mão
para a obra do Senhor retendo aquilo que é essencial para que ela cumpra a sua
missão principal aqui na terra: pregar o evangelho. Como Administradores
daquilo que deus nos confiou, poderemos ser reprovados por Deus e pelos homens
quando negligenciarmos nossa obrigação para com a ‘casa do tesouro’. Tomemos,
pois, o exemplo de Neemias. Ajamos com fidelidade e sabedoria em todas as
coisas; com temor e tremor quando estivermos imbuídos de alguma tarefa na obra
do Senhor e/ou na administração da sua Casa. Estamos vivendo tempos
trabalhosos, onde muitos já perderam o temor e a reverência ao Todo-Poderoso.
Esses acabam por macular e prejudicam o Corpo de Cristo. Trabalhemos, como
aqueles judeus, com muito amor, alegria, temor e santidade, e o nome de Cristo
será exaltado em nossa vida.
Notas Bibliográficas
-. Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2011, Jovens e Adultos, Neemias - Integridade e coragem em tempos de crise. Comentário: Elinaldo Renovato; CPAD. p. 56 a 62;
CITAÇÕES:
[1]. Extraído de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001; Palavra-Chave 1Pe 4.10; p. 1313;
[2]. Extraído de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001; nota textual de 1Co 4.1-5; p. 1178;
[3].Extraído de: RENOVATO, Elinaldo. Neemias: integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p. 122.;
OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. RENOVATO, E. O livro de Neemias. 1.ed., RJ: CPAD, 2011.