A Igreja que faz a diferença!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Lição9 - 28 de agosto de 2011


Preservando a Identidade da Igreja

Texto Áureo

Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade [alguns manuscritos acrescentam: e da pureza] que há em Cristo” (2Co 11.3).

Paulo, como um pastor zeloso, teme que seus convertidos se afastem de Cristo, assim como Eva foi enganada por Satanás e afastou-se de Deus. Ele sabia que os falsos apóstolos eram uma perigosa ameaça espiritual, comparável à Serpente de Gênesis. Seus ensinamentos pareciam bons, mas na realidade corrompiam a mensagem do evangelho com suas inserções humanas, filosóficas e gnósticas de apego a exigências legalistas e de concessões (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Esse perigo não ficou restrito àquela época da Igreja, ele é tão real hoje quanto foi para a Igreja de Corinto. Por isso, a advertência de Paulo deve ser o norteador de todo crente para não se apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

Verdade Prática

Só existe um meio de a Igreja de Cristo preservar a sua identidade como a agência por excelência do Reino de Deus: obedecer amorosa e incondicionalmente a Bíblia Sagrada.

Leitura Bíblica em Classe 

Atos 20.25-32 

Objetivos

Compreender o que é a Igreja;
Saber que devemos preservar a identidade da Igreja, e
Identificar Os perigos que ameaçam a Igreja na terra.

Palavra-chave

IDENTIDADE - Conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa.

I. Introdução

Quais os perigos que têm ameaçado a Igreja e desfalcado a sua característica como embaixada do Reino? É significativo que a primeira vez em que os seguidores de Cristo foram chamados de ‘cristãos’ foi justamente por se parecerem com Cristo – ‘aqueles que seguem a Cristo’, isso porque tudo o que tinham em comum era Cristo; não se identificavam pela naturalidade, pela cultura ou pela língua que falavam. Para aquela Igreja, ser Cristão era pertencer a Cristo, ainda que esse epíteto fosse inicialmente ‘pejorativo’, tornou-se o designativo de um povo realmente chamado para fora do mundo e esse termo, ou aquele que o mundo hoje escolheu para nós - crentes (também pejorativo) – é o mais supremo nome que o ser humano pode levar na terra: ‘Cristão’! É primordial que tenhamos o zelo de manter as características de verdadeiros seguidores de Jesus Cristo para não sermos identificados pelo que temos, ou pela posição que ocupamos, ou pelo conjunto de regras e doutrinas que defendemos, mas sim pelo amor a Deus e o zelo pela Palavra, pela simplicidade e pela pureza que há em Cristo.

II. Desenvolvimento

I. O QUE É A IGREJA

1. Definição. ekklesia’, formado de ek, ‘para fora de’, e klesis, ‘chamado’; no singular kaleõ, ‘chamar’. Entre os gregos era usado para descrever um grupo de cidadãos reunidos com a finalidade de discutir os assuntos do estado, como em At 19.39. O grupo de 72 sábios judeus que traduziram as Escrituras hebraicas para o grego utilizou o termo para designar o ‘ajuntamento de Israel’, quando convocado para qualquer propósito definido. O uso nos evangelhos tem duas aplicações possíveis: ao grupo inteiro dos redimidos ao longo da era atual, acerca do qual Jesus disse: ‘...edificarei a minha Igreja’ (Mt 16.18) e que na teologia desenvolvida por Paulo é descrito como ‘igreja, que é o seu corpo’, a Igreja universal (Ef 1.22, 23; 5.23); outro sentido quando utilizado no singular para referir-se a um grupo formado por crentes professos, como em Mt 18.17, e no plural, diz respeito às igrejas num distrito[1]Ekklesia diz respeito ao conjunto de pessoas convocadas por Deus através da morte de Cristo como cidadãos do Reino (Ef 2.19; 1Pe 1.18,19) com o intuito de adorar a Deus; já não pertencem a esse mundo e têm como princípio viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com Deus, proclamando-O através do testemunho pessoal e da pregação do Evangelho (Hb 13.12-14; 1Pe 2.5). No Novo testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso do termo ekklesia e ele a aplicou ao grupo dos que se reunião em torno dele e reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do Reino de Deus (Mt 16.18). A sobrevivência da Igreja contra todas as hostilidades e perigos é garantida nas palavras de Jesus em Mt 16.18: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’.

2. As duas principais dimensões da Igreja. Estamos acostumados a pensar em Igreja como instituição por herança romana. Biblicamente, a Igreja é um organismo vivo, é tanto invisível como visível. O Comentarista da lição definiu como divina e terrena. Entendemos por Igreja invisível o conjunto dos crentes verdadeiros, unidos por sua fé em Cristo, é a Igreja Triunfante; Igreja visível consiste de congregações locais, a Igreja militante, composta por crentes fiéis (Ap 2.11, 17, 26); a Igreja é visível na profissão de fé e conduta cristã, no ministério da Palavra e Ordenanças, e na organização externa e seu governo. É digno de nota que, alguns que pertencem à Igreja visível, a Igreja Militante, nunca se tornem membros da organização invisível, Igreja triunfante, por não possuírem uma fé genuína. Dizem que Lutero foi o primeiro a fazer esta distinção, mas é certo que outros reformadores também conheciam essa afirmativa e a aplicaram à Igreja como dois aspectos da única Igreja de Jesus Cristo.

3. Sua identidade. O ponto de partida necessário no estudo do tema ‘o Reino de Deus’ é Gn 1.1, onde a soberania de Deus é descrita em forma de domínio, reino e regência ao utilizar o termo hebraico ‘bara’ (criou). Ele é soberano sobre toda a criação e a Igreja é o modo visível dessa soberania; a Igreja é o templo de Deus e do Espírito Santo e isso requer dela separação da iniqüidade e da imoralidade. Particularmente, creio que Deus como regente, criou a Igreja e a rege segundo seu beneplácito e como afirmou Jesus em Mt 16.18, nada impedirá sua expansão e convocação daqueles que hão de salvar-se. Contudo, aos que foram alcançados e fazem parte da Igreja militante, cabe a tarefa de sustentar a verdade e conservá-la íntegra, defendendo-a contra os deturpadores e os falsos mestres (Fp 1.17). É relevante citar aqui que, a Igreja visível é composta por crentes fiéis, mas abriga também crentes falsos (Ap 2.2), caídos (Ap 2.5), espiritualmente ‘mortos’ (Ap 3.1) e os mornos (Ap 3.16). A parábola da rede (Mt 13.47) revela a verdade enfatizada por Jesus que nem todos os que estão no Reino, na Igreja visível, são verdadeiramente filhos de Deus. Isto é especialmente verdadeiro quando contemplamos igrejas locais e denominações que já não renunciam a tudo em prol de um único interesse supremo, Cristo (Rm 12.1), que já não vivem nem pregam o genuíno evangelho. A identidade da Igreja que se pensa representante do Reino deve ser uma vida santa e irrepreensível, receptividade à operação do Espírito Santo, o ensino da sã doutrina e guardar a fé (1Tm 4.12,13,15,16; 6.20; 2Tm 1.13,14; 3.13-15).

Sinopse do Tópico (1)

A Igreja é um organismo vivo. Ela é formada por pessoas de diferentes raças, línguas, culturas e cor que aceitaram a Cristo como Salvador.

II. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DA IGREJA

1. Na pregação e no ensino do evangelho. A parte central das últimas instruções de Jesus aos discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). A tarefa da evangelização ainda faz parte imperativa da missão da Igreja, ela é chamada a ser uma comunidade evangelizadora [2]. Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática falando acerca das marcas distintivas da Igreja assevera: “A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da Igreja. [...] A fiel pregação da Palavra é o grande meio para a manutenção da Igreja e para habilitá-la a ser a mãe dos fiéis. Que esta é uma das características da Igreja transparece em passagens como Jo 8.31, 32, 47; 14.23; 1Jo 4.1-3; 2Jo 9 [3]. A Grande Comissão foi dada pela autoridade de Cristo, posto que seu domínio é universal, o evangelho deve ir ao mundo inteiro. Cristo morreu em sacrifício vicário – no lugar de – pecadores de todas as nações. Assim, devemos avançar e conquistar novos discípulos, e isso não é uma opção, é uma obrigação de todo aquele que se diz cristão; não somos todos evangelistas no sentido formal do termo, mas todos temos recebido os dons necessários para ajudar a realizar essa que é a obra primaz da Igreja - esse imperativo de Jesus é a razão primária de ser Igreja!

2. No amor cristão. Jesus afirmou que nosso amor cristão mostrará que somos seus discípulos (Jo 13.34,35). As pessoas não regeneradas vêem dissensões, ciúme e divisão em nossa Igreja ou reconhecem-nos como seguidores de Jesus pelo amor que demonstramos uns aos outros? Essas coisas são essenciais à salvação e à preservação da identidade da Igreja. O caminho para o Reino dos céus se dá mediante a simples confiança e dependência de uma criança; e o caminho para a grandeza acontece através da humildade de uma criança, expressa pelo serviço modesto (Mt 18.1-55). O amor cristão é mais do que um sentimento de afeto, é uma atitude que se expressa através do serviço desinteressado. O amor cristão tem no amor sacrificial de Cristo o seu modelo e a comunidade de crentes como o primeiro lugar onde esse amor se expressa (Gl 6.10; Ef 5.25). É digno de nota que o amor é a condição sine qua nom para o exercício apropriado de qualquer dom (1C0 13.1).

3. Na defesa da fé. Dave Hunt em seu livro “Em Defesa da Fé”, editado pela CPAD, inicia com essa assertiva: “Se perguntássemos à maioria das pessoas a razão por que crêem, muitas delas teriam dificuldade de oferecer uma base sólida para sua opinião [4]. Paulo preocupado com as raízes pouco profundas de seus convertidos escreve 1Tm 6.3-5 onde retorna pela última vez ao problema dos falsos mestres, destacando especialmente sua tendência de causar divisões e sua ganância. Isso leva-nos a refletir sobre a perspectiva correta que se deve ter em relação à segurança da fé que temos abraçado. É bom lembrar que, a boa compreensão dos pontos teológicos mais difíceis não deve servir de base para que alguém queira pensar de si mesmo como um privilegiado, mas sim, co-responsável com os demais mestres da Igreja pelo fortalecimento doutrinário da congregação. Muitos crentes aceitam o que é divulgado pela mídia como se ela não cometesse erros e estivesse livre de preconceitos, isso vale também para o que é ensinado como teologia cristã; é preciso ter cuidado com o que estamos estudando e passando para nossos alunos, ao mesmo tempo, termos o maior cuidado de estarmos certos de que as respostas às quais chegamos são válidas, alicerçadas na Bíblia. Importante destacar que, o crente deve estar sempre pronto para dar uma resposta branda e respeitosa quando for pedido a razão de sua fé (1Pe 3.15). Quanto à pregação da Palavra em Igrejas quaisquer ter que ser perfeita para que ela seja considerada verdadeira é um ideal inatingível na terra, isso porque só se pode atribuir à Igreja uma relativa pureza doutrinária. Louis Berkhof afirma que “uma Igreja pode ser relativamente impura em sua apresentação da verdade, sem deixar de ser uma Igreja verdadeira. Mas há um limite além do qual a Igreja não pode ir, na apresentação errônea da verdade ou em sua negação, sem perder o seu verdadeiro caráter e tornar-se uma Igreja falsa. É o que acontece quando artigos fundamentais de fé são negados publicamente, e a doutrina e a vida já não estão sob o domínio da Palavra de Deus [5].

Sinopse do Tópico (2)

A Igreja deve preservar a sua identidade, pregando e vivendo a Palavra de Deus, amando ao próximo e lutando contra as distorções das Sagradas Escrituras.

III. ALGUNS PERIGOS QUE AMEAÇAM A IGREJA

1. A perda e o esfriamento do amor. Os crentes são chamados à fidelidade e perseverança até que as promessas alcancem seu cumprimento total. A demora no cumprimento de alguma promessa muitas vezes leva o crente ao esfriamento do amor e dedicação por Cristo e sua Palavra. Conhecer teologia, freqüentar as reuniões da igreja local e obedecer alguns mandamentos não bastam (Mt 5.17). O crente deve manter vividamente o amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. Veja que na advertência à Igreja de Éfeso em Ap 2.4, o termo ‘deixaste o teu primeiro amor’, caracteriza um ‘abandono’ da fé; este é um dos sentidos do termo grego aphiemi – ‘deixar’; Strong defineaphiemi em três categorias de significados: 1) Deixar ir, mandar embora, enviar, perdoar. Nesse sentido, a palavra é usada em conexão com divórcio (1Co 7.11-13), dívidas (Mt 18.27) e, especialmente, pecados (Mt 9.2; 1Jo 1.9); 2) Permitir, deixar (Mt 3.15; 5.40; 19.14); 3) Negligenciar, abandonar, deixar sozinho (Mt 4.11; Mc 7.8; Lc 13.35; Jo 4.3) [6].

2. A perda do temor a Deus. Temer é ‘ter grande respeito a’, não se trata de simples medo, mas de reverência, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder e a posição do indivíduo reverenciado e lhe presta respeito formal. Nesse sentido, ‘temor’ implica submissão a uma relação ética formal com Deus. Com efeito, quando se perde o temor a Deus, atingiu-se o mais baixo abismo da degradação moral e possivelmente, torne-se irreconciliável. A sociedade é vítima de um distanciamento de Deus, e está colhendo os frutos de uma geração moralmente degradada, à margem da Graça de Deus (Rm 3.23). Ninguém jamais alcançará o padrão divino de absoluta perfeição moral e será digno de sua glória. Portanto, se houver alguma salvação, ela deverá acontecer de outra maneira, pela justificação que há em Cristo para um correto relacionamento com Deus.

3. A perda da humildade. Como visto na lição de número 7, humildade vem do Latimhumilitas, -atis: pequenez, modéstiaqualidade de humilde; capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações. É o inverso de altivez, arrogância e orgulho. É demonstração de respeito, submissão, deferência e reverência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Paulo que, escrevendo 2Co 3.4, 5 e 6, afirma: “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento...” a seu exemplo, não podemos nos vangloriar de coisa alguma por que, o crédito por todas as nossas realizações na Obra do Senhor é dEle mesmo; Também é conveniente nos afastarmos daquele que já não demonstra não reconhecer que suas habilidades são capacitações dadas pelo Espírito Santo para desenvolvimento do Corpo. Para desempenharmos o serviço do Senhor é imperativo que haja humildade no coração: “O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6.8). (Veja Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 2.13; Tg 4.10; Lc 22.26; 1Pe 5.5,6).

Sinopse do Tópico (3)

O esfriamento do amor, e a perda do temor a Deus e da humildade têm ameaçado a preservação da identidade da Igreja de Cristo.
III. Conclusão

A Igreja é a família espiritual de Deus, uma comunidade criada pelo Espírito Santo baseada no Calvário, e como tal, deve preservar aquela marca distintiva que caracterizou a Igreja primitiva: obediência amorosa e incondicional à Bíblia Sagrada. A Igreja está inserida no contexto social pluralista onde a maneira como as pessoas vivem é determinada mais por seus valores compartilhados, e isso por sua vez é mudado através de persuasão paciente e exemplo, o que poderemos realizar somente se o conjunto de características exclusivas da Igreja – amor, simplicidade e o temor a Deus forem preservados. Falsos ensinos são uma perigosa ameaça espiritual que podem causar estragos semelhantes aos causados pela Serpente de Gênesis. De modo semelhante, o apego a exigências legalistas e de concessões pode macular a identidade da Igreja (2Co 3.6; 6.14-7.1; 10.5). Por isso, não podemos nos apartar da simplicidade e da pureza que há em Cristo.

Notas Bibliográficas

[1]. Adaptado de: Dicionário VINE; CPAD, Rio de Janeiro-RJ, 1ª edição, 2002, p419;
[2]. Adaptado de: HORTON, Stanley M., Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, Rio de Janeiro-RJ, 10ª edição, 2006; p. 554;
[3]. BERKHOF, Louis, 1932-Teologia Sistemática, traduzido por Odayr Olivetti.-3ª edição Revisada-São Paulo-SP: Cultura Cristã 2009, p. 530;
[4]. HUNT, Dave – Em Defesa da Fé Cristã. CPAD, Rio de Janeiro, RJ; 1ª edição/2006;
[5]. Ibidem [3];
[6]. Adaptado de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP, Sociedade Bíblica do Brasil, 2001,Palavra-chave, p.996.; 

Fonte: Francisco A Barbosa - auxilioaomestre@bol.com.br

Lição 8 - 21 de agosto de 2011

 Igreja – Agente Transformador da Sociedade.


Texto Áureo

“E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médicos, mas sim  os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” Mc 2.17

Verdade Prática

Jesus confiou-nos a missão de transformar a sociedade, na qual estamos inseridos, através do evangelho.

Objetivos desta lição

- Explicar como a Igreja deve se relacionar com a sociedade;
- Compreender o papel de proteção social que a Igreja exerce na sociedade, e
- Conscientizar-se de que a evangelização e a atuação da Igreja podem restaurar a sociedade

Subsídio Teológico
I. Introdução

O texto de ouro da lição traz uma enfática declaração de prioridade da missão de Jesus. Nas palavras de Jesus, há tanto verdade quanto ironia severa. Os publicanos, as prostitutas e outros semelhantes são espiritualmente ‘doentes’, mas Jesus não pretende que os fariseus pensem em si mesmos como sãos (Lc 18.9-14). Jesus põe abaixo as categorias artificiais de toda religião legalista, baseada na justiça própria. Como o Antigo Testamento (Sl 14.1-3), Jesus ensina que todos são pecadores (Mc 7.1-8) e que a justiça é o primeiro e mais importante dom de Deus para os pecadores arrependidos (Sl 5.11-18; Lc 19.9; Rm 3.22). Jesus não só transformou e influenciou a sociedade na qual estava inserido, como dividiu a história da humanidade e seus feitos, sua vida, suas palavras têm voz até hoje. Na teologia desenvolvida por Paulo, a Igreja é identificada como ‘Esteio da verdade’ (1Tm 3.15), justamente aquilo que é maior necessidade do mundo de hoje. A pós-modernidade é caracterizada pelo relativo, hoje, o conceito de verdade é relativo. O homem, propositalmente, passa ao largo de tudo aquilo que está ligado à verdade. Durante nossa vida cristã aprendemos que a missão da igreja e do crente é ganhar almas para Jesus, que a missão delegada por ele à Igreja foi ‘ir’, afinal, Jesus veio para salvar o que se havia perdido (Lc 19.10). Usamos estratégias para o evangelismo, promovem-se eventos evangelísticos, ações sociais, ou simplesmente, saímos pelas ruas distribuindo folhetos e falando do Amor de Jesus. Contudo, ainda que sejam legítima tais iniciativas, a preocupação com “projetos oficiais” da igreja tem substituído a ênfase no testemunho diário e ativo do cristão em meio à sociedade. A vida de Jesus não era só discursiva, era de prática. A Igreja precisa desenvolver o método de Jesus e cumprir verdadeiramente seu papel de sal da terra e luz do mundo, transformando o meio pela mensagem do Evangelho e estabelecermos uma relação de influência com a sociedade secular. Quando esta convivência ocorre, é esta última que acaba influenciando a primeira com resultados desastrosos para a ortodoxia da Igreja. Com esta lição, aprenderemos a influenciar o mundo política, econômica e culturalmente sem diluirmos a nossa mensagem na tentativa de aumentar o espectro de influência do evangelho. Como disse o Pr. Antônio Gilberto: “A Igreja de Jesus – a verdadeira Igreja, aquela que teme ao Senhor e segue a sua Palavra – não pode se coadunar com a filosofia do mundo, que cada vez mais afunda no pecado. A Igreja neotestamentária é necessariamente diferente do mundo; de modo que, no dia em que a Igreja se coadunar com o mundo, e vice-versa, será o fim. Quando o mundo diz sim, a Igreja diz não. É assim que deve ser.” No dizer de Paulo: “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele” (1Co.9.22,23).

II. Desenvolvimento

I. A IGREJA E A SOCIEDADE

1. O que é uma sociedade? (latim societas, -atis); Reunião de pessoas unidas pela origem ou por leis; Estado social; associação amistosa com outros. Societas é derivado de socius, que significa ’companheiro’, e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútua sobre um objetivo comum. Em Sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade. A sociedade é objeto de estudo comum entre as ciências sociais, especialmente a Sociologia, a História, a Antropologia e a Geografia. O homem é um ser social por natureza. A pessoa humana necessita da vida social, porque ninguém é autossuficiente. Por isso, temos a tendência natural que nos impulsiona a nos associar, com o fim de alcançar objetivos que excedem as capacidades individuais. O fim último da sociedade é a pessoa humana, e por isto a justiça social só pode ser conseguida se tem o devido respeito à dignidade transcendente do homem, criado por Deus a sua imagem e semelhança, com uma alma racional e com um fim supremo, que é a glória do Céu. Rui Barbosa afirmou: “família é a célula mater da sociedade”; “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Quando Deus instituiu a família visou ao homem e a sua esposa oportunidade de prazer, convívio mútuo e meio de procriação, uma forma de se multiplicar. Esta célula corre sério perigo de extinção, como escreveu John Mac Arthur: “Talvez sejamos testemunhas da morte da célula básica de toda a civilização, a família”.

2. Jesus e a sociedade. Numa época em que a religiosidade judaica havia se cristalizado em torno de três práticas formais – esmolas, oração e jejum – o Senhor Jesus retomou e aprofundou essas preocupações, corrigiu algumas distorções vigentes, ensinando que a prática da caridade deveria ser humilde, desinteressada e motivada pelo amor (Mt 5.7; 6.1-4; 7.12). Ao anunciar o evangelho do reino, Ele apontou como uma de suas características a sensibilidade diante da dor alheia e a prontidão em assistir os desafortunados. Ele mostrou isso de modo magistral por meio de alguns de seus ensinos mais apreciados, como a parábola do Bom Samaritano (Lc 10.30-37) e a inquietante história do Grande Julgamento (Mt 25.31-46).

3. A Igreja na sociedade. Deus tem chamado pessoas de diversas ocupações na sociedade, do mais pobre ao mais rico, do simples e tranquilo trabalhador rural ao corrido e agitado homem da cidade grande. Na comunidade cristã, o amor não é apenas expresso através de demonstrações de respeito; é também expresso através da abnegação e da atitude de servir (Jo 15.13). De fato, pode ser definido como ‘uma doação abnegada’, alcançando, além dos amigos, os inimigos e os perseguidores (Mt 5.43-48). O amor é a nossa marca unificadora e que distingue. A experiência nos mostra que a missão da educação popular cristã é formada pelo conjunto das práticas educativas realizadas nas igrejas com e por membros que são dos setores populares e, vivem dentro de uma perspectiva bíblica, política, econômica, social e histórica de transformação do ser humano e da mudança social. Por sua vez, os membros, por serem populares pertencem ao conjunto plural dos grupos sociais explorados e excluídos tanto da administração do poder público como da distribuição desigual dos excedentes econômicos. O perfil socioeconômico do Brasil é severo, com uma minoria de privilegiados, uma maioria de necessitados e uma classe média sufocada. Uma realidade distante do padrão social e ético de Deus. A maioria dos oprimidos sociais, ou seja, os excluídos em potencial pertencem ao conjunto multiforme e não organizado da classe operária, dos desempregados, dos desiludidos dos diferentes extratos socioeconômico da pequena/média/alta burguesia, dos itinerantes religiosos, das mulheres em sociedade machista, dos indígenas, dos pequenos empresários, dos proprietários rurais, dos agricultores, dos sem-terra, dos discriminados por etnia, por raça, por idade, por gênero, por doenças mortais e infectocontagiosa, deficientes, etc.. São todos protagonistas do cenário que a igreja, na perspectiva da Educação Cristã, é designada a inserirem no reino de Deus e, colaborar para que deles surjam uns como educadores e outros como educandos.

Sinopse do Tópico (1)

A nossa postura na sociedade deve ser a mesma de Jesus Cristo; temos sabedoria para agir e interagir sem nos contaminarmos com o pecado.

 II. A IGREJA E A PROTEÇÃO SOCIAL

1. Através da oração. Os crentes têm o dever de interceder por aqueles que estão em eminência sobre nós se desejarmos colher os benefícios de um bom governo, que são um dom valioso de Deus para o bem-estar da Igreja e avanço do evangelho na sociedade. Precisamos não somente obedecer à lei e os governantes, mas também em nossas orações suplicar pela salvação deles. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2Cr 7.14). Provavelmente este seja o versículo mais conhecido e mais querido de 2Cr. Nesta perícope, Deus promete que a nação de Israel receberia alívio das dificuldades causadas por seus pecados, contanto que os israelitas se voltassem para ele com humildade e oração. Se humilhar, uma atitude de contrição e de dependência de Deus (12.6,7,12; 30,11; 33,12,19,23; 34.27). No capítulo 6, Salomão pede a Deus que dissesse o que o povo deveria fazer quando cometesse algum pecado. Deus respondeu, oferecendo uma condição dupla com um resultado tríplice ao Seu povo escolhido (aquele que se chama pelo meu nome). Se o povo se humilhar (arrepender-se do seu pecado) e buscar a sua face em oração, então, diz o Senhor Deus, eu ouvirei… Perdoarei… E sararei. Deus executa os seus propósitos divinos em acordo com as orações dos seus filhos (Fp 1,9; Tg 5,16). Deus ouve o clamor e oração sincera de um povo que se humilha e se põe diante de Deus de coração aberto a Ele. Só assim Ele perdoará pecados. Os olhos, os ouvidos e o coração de Deus estão perpetuamente atentos àqueles que se voltam a Ele e progridem na obediência sincera a Cristo. Nós fomos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo para sermos o seu povo, a sua herança peculiar, a sua possessão santa. Fomos resgatados da maldição da lei e do pecado, não por coisas corruptíveis como a prata e ouro, mas pelo precioso sangue de Jesus. Somos povo de Deus, e a arma mais poderosa que Deus colocou em nossas mãos é a oração, pois por meio dela nos comunicamos com nosso Deus.

2. Por intermédio dos conselhos divinos.Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado” (Pv 29.18). A guisa de Rm 12.1,2, deve haver uma constante exposição doutrinária perante a congregação a fim de não permitir a conformação de muitos com o mundo. ‘Profecia’ aqui encerra o sentido de ‘visão’ e ‘revelação’ e afirma que a vontade revelada do Senhor e suas justas exigências conforme explícitas nas Escrituras são o meio pelo qual o homem pode permanecer bem-aventurado. O objetivo principal da doutrina bíblica é levar o homem a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a fim de que haja ordem e bem-estar social. “(…) será governado da melhor maneira e de modo mais equânime aquele Estado em que aquele que deve governar não tenha a ânsia de fazê-lo, enquanto o contrário ocorre se os governantes têm ambição pelo poder” Platão. O verdadeiro político, no pensamento Platônico, não ama o poder, mas dele se utiliza como instrumento para a produção de serviços destinados à realização do bem. Esta lição é oportuna, em época de decisão política, nos convida à reflexão sobre os aspectos de justiça conforme as Escrituras, nosso guia de conduta. É preocupação do Senhor também o nosso bem-estar, não da forma como pensam os defensores da Prosperidade, mas quero fazer uso de outro pensamento Platônico para definir o bem-estar social conforme as Escrituras: “A ideia do bem (…) quando compreendida, se impõe à razão como a causa universal de tudo o que é bom e belo” Platão, ou como traz o Texto de Ouro desta lição: ” O objetivo principal do Evangelho é levar o homem a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a fim de que haja ordem e bem-estar social”. Há um ditado latino que espelha bem a justiça secular: “Dura Lex sed Lex” (Dura é a lei, mas é a lei). Nota-se nesse ditado a inflexibilidade e dureza da lei e sua aplicação. A Bíblia não define assim sua justiça. A tradução do termo hebraico torah por “lei” é indevida. Torah (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, deleal) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה – as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. O substantivo torah vem da raiz verbalyarah que quer dizer lançar, ensinar, instruir. O Salmo 19.7-9 lança mais luzes sobre o significado de Torah: “A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos. O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.” A lei do Senhor não é dura e inflexível. Pelo contrário, é tão perfeita que faz a vida voltar; é firme e torna o sábio simples, alegra o coração, ilumina os olhos. Por quê? A resposta está no critério do julgamento divino: amor, bondade etc. Assim se desvenda o mistério nas palavras de Jesus para João Batista: “[...] Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça…” (Mt 3.15). Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social, portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Devemos amar nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total. A igreja recebeu um importante papel social. As questões políticas e sociais foram assuntos defendidos pelos profetas em sua época. Como coluna e firmeza da verdade a Igreja deve, através de suas ações, denunciar injustiças sociais e também amparar os injustiçados (Mt 25.35-46).

3. Por meio dos valores cristãos. Muito antes de aparecer a expressão moderna justiça social, a Bíblia já preceituava: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo“. Embora esse princípio bíblico fosse um excelente slogan para uma das tantas campanhas sociais que se vê por aí, ele vai muito, mas muito além do que isso. Quem tem esse amor altruísta, independente das pressões da justiça social, é solidário filantropicamente com seu semelhante, seja ele irmão na fé, patrão, empregado, vizinho, e mesmo um oponente. O valor humano não pode ser igualado à raça, riqueza, classe social ou nível educacional. Todos são significativos e valiosos para o Senhor (Mt 25.40). A atividade da Igreja se direciona em dois sentidos: vertical – adoração, atividades espirituais; horizontal – servir ao próximo, atividades filantrópicas e sociais. Por isso Deus estabeleceu ministérios na Igreja. Ministério significa serviço. Deus incluiu entre os ministérios dados a Igreja, o serviço social (Rm 12.8). Em Tiago 2.15, 16, vemos que a fé, da qual Jesus é o autor e consumador, opera por amor, voltado para o nosso semelhante. Veja Efésios 6.23 e Gálatas 5.6. Fé sem esse amor, bem como amor sem fé, ambos é inoperantes. Esta é a base não apenas do Antigo Testamento, mas das Escrituras como um todo, para a reformulação do conceito de ‘justiça’. Muitos têm aptidão para a política, os que lá estão têm a incumbência de falar o que é pertinente à justiça social, ao bem-estar comum, construir estratégias de ação social que vá de encontro ao que preconiza as Escrituras. O bem-estar físico e material do ser humano deve ser também uma preocupação da Igreja enquanto ela estiver aqui na Terra.

Sinopse do Tópico (2)

A Igreja pode auxiliar a sociedade através da oração, dos conselhos divinos e da prática dos valores cristãos.

 III. A IGREJA E A ASSISTÊNCIA À SOCIEDADE

1. A evangelização. Temos hoje no Brasil grandes ministérios, com suntuosos templos, bem equipados e confortáveis, mas é possível frequentar tais lugares e voltar para casa vazios. Em nossa cultura evangélica tupiniquim, dá-se mais valor ao templo e/ou denominação a que se pertence do que a um comprometimento com o SENHOR semelhantemente como nos dias de Jeremias. Nos programas de TV, a ênfase recai mais na placa da igreja onde pertencer a esse ou aquele grupo é mais importante do que ter uma vida transformada para Deus. O que temos hoje é uma geração de crentes que depositam sua fé no templo do qual fazem parte porque já não são templos do Espírito Santo. Em 2ts 1.10, a frase ‘o nosso testemunho não foi crido entre vós‘, se refere ao fato de que os missionários, além de proclamar as verdades do Evangelho, tinham prestado testemunho ao poder dessas verdades. Strong define o termo ‘testemunho‘, do grego marturion, como prova, evidência, testemunho e proclamação de experiência pessoal; e o termo grego marturia como testemunho, atestado histórico, evidência, certificação judicial ou geral. Marturia descreve um testemunho baseado no que alguém viu, escutou ou sabe. O termo `martus`, de onde provém o português mártir e martírio, fala de alguém que testifica a verdade que viu uma testemunha, alguém que tem conhecimento de um fato e pode dar informações a respeito. Disto se entende que, o crente enquanto testemunha do Reino, proclama ao mundo não regenerado sua experiência pessoal com o Evangelho e o seu poder transformador. Todo crente verdadeiro é um missionário enviado ao mundo para dar testemunho de Cristo, para alcançar os perdidos onde possam ser encontrados e conduzi-los ao Salvador. ‘E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam’ (Jo 1.5). O fato de que Jesus é a expressão eterna, definitiva de Deus, continua desconhecido da humanidade. O mundo, apesar da graça comum, é incapaz de apreender esse mistério. A função da igreja é apoiar e transmitir ao mundo a verdade que Deus revelou. É mediante o testemunho da igreja que os pecadores são alcançados pela mensagem do Evangelho, nascem de novo e passam a fazer parte do Corpo de Cristo (1Co 11.26). É interessante que, Jesus comissiona seus discípulos da mesma forma que Ele foi comissionado pelo Pai –‘Assim como o Pai me enviou, também eu envio a vós’ (Jo 20.21). Strong define o termo ‘enviou’, do grego ‘apostello’, como “comissionar, separar para um serviço especial, enviar uma mensagem através de alguém, enviar com uma missão a cumprir, equipar e despachar alguém com total apoio e autoridade de quem enviou”. O evangelho de João apresenta a divindade de Jesus – o Filho de Deus. Como Deus, ele criou todas as coisas e, como Deus, ele veio para redimir a todos – trazer a totalidade do perdão. Esse aspecto de sua missão é transmitido a seus discípulos, bem como seu comissionamento: ir com o perdão. Começou aqui tanto um mandato como uma missão: ‘Eu vos envio a vós’. Precisamente, tanto como o Pai enviou o Filho para trazer a salvação como uma disponibilidade para todos os seres humanos (Jo 3.16), nós também somos enviados para garantir que a disponibilidade seja compreendida por todos.

2. A ação social. Por que a Igreja precisa se envolver com ação social? Essa pergunta já deveria estar ultrapassada no cotidiano missionário das igrejas locais, mas de tempos em tempos ela surge com maior ou menor força. É muito difícil encontrar um pastor ou um crente fiel que considere a ação social algo desnecessário ou não essencial na missão da Igreja. ’E, servindo eles ao Senhor… ’ (At 13.2). Este é o comissionamento do grande ministério apostólico de Paulo. Servindo traduz um verbo usado pelo serviço sacerdotal oficial. Aqui se refere ao seu ministério da adoração pública. O termo grego leitourgeo pode ser traduzido como realizar atos religiosos ou de caridade, cumprir uma tarefa, realizar uma função, oficiar como sacerdote, servir a Deus com orações e jejum. A palavra descreve o sacerdócio arônico ministrando serviços levíticos (Hb 10.11). Em Rm 15.27, é usado para atender necessidades financeiras dos cristãos, realizar um serviço ao Senhor ao fazê-lo. Aqui, os cristãos de Antioquia estavam cumprindo uma tarefa e dispensando uma função normal ao ministrar ao Senhor através de jejum e orações. Aqueles crentes, mesmo estando longe dos seus irmãos de Jerusalém, resolveram enviar sua ajuda para atender as necessidades daqueles crentes distantes – um princípio que a igreja faria bem em observar hoje; o amor é mostrado não somente em um gesto heroico de dedicação, mas em uma vida diária de compaixão e de serviço.

3. Restaurando a sociedade.  O Reino de Deus é uma dádiva que está presente tanto na Pessoa de Jesus Cristo quanto em seu Corpo, a Igreja. Nessa perspectiva, ela tem a responsabilidade de proclamar e demonstrar as virtudes do Reino de Deus como um espelho que reflete uma imagem. Um alto padrão é exigido – exemplificar Jesus Cristo em espírito e comportamento, bem como suas palavras e deveres. Os membros do Corpo são julgados não pelo que realizam, mas pelo caráter que revelam – quem eles são diante daquilo que fazem. Homens falíveis foram escolhidos para serem discípulos de Jesus e como todos os homens, eles lutavam contra o orgulho e a ambição (Mt 20.20-23). Percebendo sua luta, Jesus toma o exemplo de uma criança, afirmando que, no Reino de Deus, os grandes devem ser como tal criança – humilde, confiante e fácil de ensinar (Mt 8.4). Em outra oportunidade, quando a preocupação deles por ‘status’ surgiu novamente, Jesus declara que o maior é servo de todos (Lc 22.25-27). Tudo gira em torno da maior virtude no Reino – Humildade. É a humildade que nos permite reconhecer que Deus tem o lugar principal em nossa vida, que somos mortais e falíveis. Ela é o principio da sabedoria (Pv 22.4). As verdades do Reino de Deus são somente percebidas por aqueles que são humildes (Tg 4.6; Mt 5.3). Que eu e você, possamos como espelho, refletir o exemplo de Cristo e sermos verdadeiros representantes do Reino de Deus.

Sinopse do Tópico (3)

A evangelização e a ação social são os instrumentos que a Igreja dispõe para restaurar a sociedade.

III. Conclusão

Concluo afirmando que desde uma perspectiva evangélica a evangelização, ou seja, convidar os indivíduos, famílias e comunidades à reconciliação e nova vida em Jesus Cristo, certamente é básica e essencial. Todavia, à medida que a igreja evangeliza, ela também precisa expressar o interesse de Deus por todas as áreas da vida e espelhar a atitude daquele que disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”.

Fonte: Francisco A. Barbosa - auxilioaomestre@bol.com.br

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lição 7 - 14 de agosto de 2.011

A Beleza do Serviço Cristão

Texto Áureo.

“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. (Jo 13.14).

Senhor e Mestre, um título duplo dá especial significação à reivindicação de Cristo sobre a vida dos discípulos. Posteriormente, em 20.28, eles o chamarão Senhor em reconhecimento de sua divindade. Jesus, provavelmente, não estivesse procurando instruir uma prática literal para ser observada continuamente na Igreja, embora alguns achem que fosse o caso. Mas ele demonstra uma grande preocupação para com o verdadeiro significado da serventia seja bem compreendido, que ninguém a julgue abaixo da sua dignidade para realizar a mais baixa das tarefas para os outros. Por fim, a serventia é uma disposição do coração e do espírito, que se expressa através de ações concretas.

Verdade Prática.

A vida cristã só faz sentido neste mundo quando servimos a Deus e ao próximo em perfeito amor.

Leitura Bíblica em Classe.

João 13.12-17/ Atos 2.42-47

Objetivos.

- Identificar as características do servo de Cristo;
- Compreender que o serviço cristão engloba a relação com Deus e o próximo, e
- Explicar qual é a missão da Igreja no mundo.

Palavra-chave

SERVIÇO

Ato ou efeito de servir; Préstimo; trabalho; proveito; utilidade; uso; Exercício de funções obrigatórias; Ação útil e benéfica. [Liturgia] Ofício. Ato ou efeito de servir.

I. INTRODUÇÃO.

Havia uma tradição entre os antigos habitantes do oriente médio que consistia em lavar os pés dos convidados. Depois que o convidado chegava era cumprimentado, um escravo removia suas sandálias em preparação para o lava-pés e para que as sandálias não trouxessem o pó apanhado ao longo do caminho para dentro de casa. Os pés eram então lavados por um escravo, que derramava água sobre eles, os esfregava com as mãos e secava com uma toalha (Gn 18.4; 19.2; 24.32; 1Sm 25.41; Jo 13.3-5; 1Tm 5.10). A seguir, a cabeça do convidado era ungida com azeite de oliva, perfumado com especiarias - Davi faz referência a esse costume no Salmo 23.5. Estas cortesias foram negligenciadas por Simão quando Jesus compareceu ao banquete em sua casa (Lc 7.46). Jesus ao realizar um trabalho que estava reservado aos escravos e serviçais, se coloca em posição destes para exemplificar que nenhum trabalho desenvolvido em prol do próximo é degradante demais ou indigno. É altruísmo no mais alto grau. Altruísmo não é sinônimo de solidariedade como muitos pensam, é um conceito muito mais amplo. É um conceito que se opõe ao egoísmo, é a atitude de viver para os outros. É a verdadeira identidade do cristão! Boa Aula!

I. AS CARACTERÍSTICAS DO SERVO DE CRISTO.

1. Amor. A Igreja é caracterizada por um termo grego que nos é comum, qualquer que seja ramo de cristianismo – agapaõ e seu substantivo correspondente ágape; Amor incondicional, amor por escolha e por um gesto de vontade, ágape não procura nada em troca, não depende de química, afinidade, ou sentimento. Estes dois termos são utilizados no Novo testamento para: (a) descrever a atitude de Deus para com seu Filho (Jo 17.26); para com o gênero humano, em geral (Jo 3.16; Rm 5.8); e para com aquele que crê no Senhor Jesus Cristo, em particular (Jo 14.21); (b) transmitir Sua vontade aos Seus filhos concernente à atitude deles uns para com os outros (Jo 13.34), e para com todos os homens (1Ts 3.12; 1Co 16.14; 2Pe 1.7); (c) expressar a natureza essencial de Deus (1Jo 4.8). O amor só pode ser conhecido pelas ações que o instiga. O amor de Deus é visto no presente do Seu Filho (1Jo 4.9,10). Mas obviamente este não é o amor de satisfação, prazer, autocontentamento ou afeto, isto é, não foi obtido pela excelência de seus objetos (Rm 5.8). Foi um exercício da vontade divina em escolha deliberada, feito sem causa designativa, exceto o que se acha na natureza do próprio Deus (cf. Dt 7.7,8). Assim como Deus usou do seu amor, de forma altruísta, sem que merecêssemos, o crente deve demonstrar seu amor não apenas aos da fé, mas a todo homem, até mesmo àquele que mantém atitude rude e contrária a nós. Possuir o amor de Deus resulta em confiança destemida em relação a Deus e ao amor pelos irmãos. O crente que conhece esse amor não teme a morte e o juízo, mesmo neste mundo, somos como Cristo é. Na teologia desenvolvida por João, a fé, o amor e a obediência se relacionam um com o outro. A fé nos leva a um relacionamento amoroso com Deus, e o amor por ele leva ao amor por outros crentes e à obediência de seus mandamentos. Eles não são pesados, pois os benefícios práticos da obediência a todas as leis de Deus contribuem totalmente com o proveito e a realização humana daqueles que aprendem a sua aplicação para a vida. Nossa fé traz vitória sobre o mundo, fornecendo uma arma espiritual através da qual podemos combater tanto as tentações quanto as perseguições da sociedade ímpia. Embora não sejamos semelhantes à Cristo quanto a uma obediência perfeita de nossa parte, somos semelhantes a ele em nossa orientação básica e nos distinguimos como ele o fez em relação ao mundo em geral (Jo 17.16).

2. Compromisso. (latim compromissum, -i, particípio passado de compromitto, -ere, comprometer) Obrigação contraída entre diferentes pessoas de sujeitarem a um árbitro a decisão de um pleito. Promessa mútua. Comprometimento. Compromisso é a forma, pública ou não, de se vincular ou assumir uma obrigação com alguém, com algum objetivo. Há diversos tipos de compromissos, como por exemplo: compromisso religioso, compromisso amoroso, compromisso de negócios. Compromisso é, portanto, uma responsabilidade adquirida em virtude de uma afirmação verbal ou escrita, feita por nós mesmos. A expressão “ter um compromisso” significa estar ocupado em uma data, ou ter um vínculo ou acordo com alguém. A palavra deriva de “promessa”, ou seja, “com promessa”. Quer dizer que quando há um compromisso há uma promessa . Como canta Régis Danese na sua canção ‘Compromisso’: ‘Pois eu confio nas promessas/Que Tu tens pra mim/Eu faço compromisso/De ser fiel a Ti, até o fim’, aquele que decide pelo Senhor precisa estar disposto a batalhar: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (Mc 8.34). Isto significa que é necessário tomar decisão e se apresentar comprometido com os negócios do Reino. O maior preconceito é você não assumir quem você é; e a maior incompetência é você deixar de fazer o que pode e o que sabe. Nós fomos levantados com uma missão. Só Ele pode nos deter, os homens nunca poderão. Não há poder infernal que pode deter um servo de Deus fiel e comprometido.

3. Humildade. Humildade vem do Latim humilitas, -atis: pequenez, modéstia, qualidade de humilde; capacidade de reconhecer os próprios erros, defeitos ou limitações. É o inverso de altivez, arrogância e orgulho. É demonstração de respeito, submissão, deferência e reverência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. Como disse o poeta espanhol Miguel de Cervantes: “A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja”, e como isso deve ser verdadeiro na vida do cristão, que sabe que tudo o que possui não vem de si mesmo, mas de Deus, como Paulo que, escrevendo 2Co 3.4, 5 e 6, afirma: “E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento…”. Ele não se vangloriava, mas mostrou a quem pertence o crédito por todas as suas realizações em prol do Evangelho; Paulo expressou sua humildade diante de Deus. Não podemos reivindicar que temos agido de forma adequada sem a ajuda de Deus! Não somos suficientemente competentes para desempenharmos as responsabilidades do chamado de Deus por nossa própria força. Sem a habilitação do Espírito Santo, nosso talento natural, e até a graça comum que foi dada a todo homem, pode nos levar somente a certo ponto. Como testemunhas de Cristo e representantes do Reino, precisamos do caráter e da força especial que somente Deus pode dar. Para desempenharmos o serviço do Senhor é imperativo que haja humildade no coração: “O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6.8). (Veja Pv 4.23; Mt 15.19; Fp 2.13; Tg 4.10; Lc 22.26; 1Pe 5.5,6). Jesus tem muito a nos dizer sobre humildade. E não é de se admirar, pois foi o orgulho que causou a primeira ruína do ser humano. Como o Novo Adão, Jesus exemplificou esse aspecto da vida de justiça. O ser humano caiu, pois presumiu seu próprio caminho acima do de Deus, mas a piedade restaurada exige que o ser humano faça o oposto e se humilhe perante a vontade e caminho de Deus. Então, a verdadeira exaltação e reconhecimento dados por Deus virão para aqueles que menos os esperam e que menos os procuram, assim, o crente deve: renunciar a qualquer forma de retaliação. Deixe qualquer vingança para Deus; Amar por opção e não por circunstancias. Deixe os maus tratos dos outros relembrá-lo a superar o mal deles através do amor; Perdoar diariamente aqueles que pecaram contra você. Humilhe-se. Seja cauteloso com o grave perigo do orgulho e da arrogância. Evite empenhar-se por reconhecimento público e promover a si próprio ou o seu ministério.

Sinopse do Tópico (1)

O amor, o compromisso e a humildade são características dos servos de Cristo.

II. O SERVIÇO CRISTÃO.

1. Ordenado pelo Senhor. “E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me” (Mc 8.34). Os romanos, o publico alvo do evangelho de Marcos, sabiam o que significava carregar uma cruz sobre os ombros. A morte na cruz era uma forma de execução usada pelos romanos para os criminosos mais perigosos. O prisioneiro carregava o madeiro até o local de execução, isso significava submissão ao poder de Roma. Jesus fez uso da imagem da cruz sendo carregada para ilustrar a suprema submissão exigida de seus seguidores. Carregar a cruz diz respeito ao esforço heroico necessário para seguir a Jesus em todos os momentos, fazendo a vontade dele, em meio às dificuldades do presente e quando o futuro parecer pouco promissor. O verdadeiro discipulado exige compromisso total sem distração ou acomodação. Precisamos compreender que Jesus exige de nós uma lealdade para com ele maior do que a lealdade para com qualquer outro ser humano, isso significa submetermos nossos próprios interesses em favos dos de Deus. Reconheçamos que Jesus nos chama a irmos até pessoas de todas as nações e ensiná-las a conhecê-lo e a viver para ele, ensinar que ele deve ser o centro de toda a sua vida. (Veja Mt 10.17-20; 34-36; Lc 12.51-53; Mc 8.34-36; Mt 28.18-20). Seria impossível entender a natureza e o caráter verdadeiro da Igreja sem reconhecer que ela, desde o seu início, tem recebido poder e orientação do Espírito Santo para desenvolver o serviço cristão.

2. Em relação a Deus. A Igreja também é chamada a ser uma comunidade adoradora. O termo ‘adoração’, no inglês antigo, denota a pessoa que recebe honra proporcional à sua dignidade. A adoração genuína é caracterizada quando a Igreja centraliza a sua atenção no Senhor, e não em si mesma. O termo grego comum para ‘adorar’, proskuneõ, significava originalmente ‘beijar em direção a’, e pode ter sido usada no sentido de beijar os pés de um superior. Chegou a significar ‘curvar-se em reverência e humildade’; no Novo Testamento, é usada no tocante à adoração e louvor a Deus, atribuindo-lhe glória (Ap 11.16,17). Quando Deus é adorado exclusivamente, os crentes que assim o adoram são invariavelmente abençoados e espiritualmente fortalecidos. A adoração não deve ser limitada apenas aos cultos regulares da congregação. Na realidade, todos os aspectos da nossa vida devem caracterizar-se pelo desejo de exaltar e glorificar ao Senhor, no dizer de Paulo, ‘Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus’ (1Co 10.31).

3. Em relação ao próximo. A Igreja também é uma comunidade chamada para agir com solicitude e responsabilidade sociais. Infelizmente, esta vocação tem sido minimizada ou negligenciada entre muitos evangélicos e pentecostais. É possível que muitos crentes sinceros tenham receio de se tornarem modernistas ou rumar na direção do assim chamado ‘evangelho social’, caso se envolvam em ministérios que visem o atendimento social. Haveria fundamento para tal receio se esse tipo de obra fosse levado a extremos mal intencionados e deixasse de lado verdades eternas ao oferecer alívio temporário. Por outro lado, o descuido com as necessidades sociais representa o abandono de um vasto número de admoestações bíblicas dirigidas ao povo de Deus, no sentido de serem cumpridas essas obrigações. O ministério de Jesus caracterizava-se pela compaixão amorosa a todos os sofredores e indigentes desse mundo (Mt 25.31-46; Lc 10.25-37). Idêntica solicitude é demonstrada tanto nos escritos proféticos do Antigo Testamento (Is 1.15-17; Mq 6.8) quanto nas epístolas neotestamentárias (Tg 1.27; 1Jo 3.17,18). Expressar o amor de Cristo de modo tangível pode ser um meio vital de a Igreja cumprir a missão que lhe foi confiada por Deus. Assim como em todos os aspectos da missão (ou propósito) da Igreja, é essencial que nossos motivos e métodos visem fazer tudo para a glória de Deus.

Sinopse do Tópico (2)

O serviço cristão ordenado pelo Senhor compreende a relação do homem com Deus e o com o próximo.

III. A MISSÃO DA IGREJA NESTE MUNDO.

1. Proclamar a Palavra de Deus. O propósito do Senhor não era que a Igreja apenas existisse como finalidade em si mesma, para se tornar, por exemplo, simplesmente mais uma unidade social formada por membros de mentalidade semelhante. Pelo contrário, a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com o poder do Espírito Santo a fim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus. A parte central das últimas instruções de Jesus aos seus discípulos, antes de sua ascensão, foi a ordem de evangelizar o mundo e fazer novos discípulos (Mt 28.19; At 1.8). É importante frisar que Cristo não abandonou os crentes à sua própria capacidade ou técnica, mas ele comissionou-nos a ir com a sua autoridade e no poder do Espírito Santo (Mt 28.18; At 1.8). Para isso, é imperioso que se lance mão de todos os meios possíveis para difundir as boas novas do Reino, penetrar os locais inacessíveis. O The Christian Post obteve os comentários de algumas pessoas sobre o uso da Internet como ferramenta de evangelismo: ‘Marina Menezes, publicitária recém-formada, afirma que já evangelizou colegas pelo MSN. “Não é difícil falar pela internet. Ainda mais quando é uma pessoa próxima. Sempre é bom falar de Jesus”, afirma. O estudante Rafael Morales também já compartilhou experiências com Deus pela ferramenta. “é uma forma legal de passar as coisas, pois é dinâmico”, ressalta; O meio chega a render até conversões, segundo Gilson de Oliveira, que lidera um grupo de jovens em uma Assembleia de Deus. “Já consegui levar uma pessoa a fazer a oração de entrega pelo MSN e ela está firme com Jesus até hoje”, declara’. Não é em vão o comentário do Pr. Rick Warren, fundador da Saddleback Church, sobre o Facebook. Para ele, se a rede fosse uma nação, hoje figuraria como a quarta maior do planeta.

2. Viver em comunhão. O termo comunhão, do grego koinonia, significa compartilhamento, uniformidade, associação próxima, parceria, participação, uma sociedade, uma comunhão, um companheirismo, ajuda contribuinte, fraternidade. Koinonia é uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo. Em koinonia, o indivíduo compartilha o vínculo comum e íntimo de companheirismo com o resto da comunidade cristã. Koinonia une os crentes ao Senhor Jesus e uns aos outros. O crente é exortado a amar de um modo especial a todos os outros crentes verdadeiros, quer sejam membros da sua igreja e da sua persuasão teológica quer não. ‘Um novo mandamento… que vos ameis uns aos outros’ (Jo 13.34), é novo porque apresenta um novo padrão – o amor de Jesus. O amor zeloso, altruísta que os cristãos demonstram uns aos outros testemunham ao mundo que eles são verdadeiros cidadãos do Reino de Deus. O mundo irregenerado nota que os crentes constituem uma comunidade diferenciada pelo fato de que, as características exigidas do cidadão do Reino não são fáceis de praticar. É por isso que as pessoas nos notam quando o fazemos e sabem que somos capacitados sobrenaturalmente. É imperioso que os crentes vivam em comunhão!

3. Servir a Deus e ao próximo. ‘E, servindo eles ao Senhor…’ (At 13.2). Este é o comissionamento do grande ministério apostólico de Paulo. Servindo traduz um verbo usado pelo serviço sacerdotal oficial. Aqui refere-se ao seu ministério da adoração pública. O termo grego leitourgeo pode ser traduzido como realizar atos religiosos ou de caridade, cumprir uma tarefa, realizar uma função, oficiar como sacerdote, servir a Deus com orações e jejum. A palavra descreve o sacerdócio arônico ministrando serviços levíticos (Hb 10.11). Em Rm 15.27, é usado para atender necessidades financeiras dos cristãos, realizar um serviço ao Senhor ao fazê-lo. Aqui, os cristãos de Antioquia estavam cumprindo uma tarefa e dispensando uma função normal ao ministrar ao Senhor através de jejum e orações. Aqueles crentes, mesmo estando longe dos seus irmãos de Jerusalém, resolveram enviar sua ajuda para atender as necessidades daqueles crentes distantes - um princípio que a igreja faria bem em observar hoje; o amor é mostrado não somente em um gesto heróico de dedicação, mas em uma vida diária de compaixão e de serviço. O Reverendo Hélio G. Paulo escreve em seu artigo intitulado ‘Servir no Reino de Deus’, disponível no site ‘ipmaracana.com.br’: ‘Servir a Deus é servir no reino. É aqui na terra que servimos ao Senhor, junto com os nossos semelhantes. Na passagem do grande julgamento, Jesus virá na sua majestade, se assentará no trono e julgará, separando as ovelhas dos cabritos e falará: tive fome e me deste de comer, sede e me deste de beber. Essa questão impressiona tanto que os justos perguntarão: quando foi que o vimos assim e o suprimos? Jesus responde: “em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25.40). Quando servimos ao nosso semelhante, servimos ao próprio Rei do Universo. Porém, o texto deixa bem claro que a prontidão para servir não deve se limitar ao espaço interno da comunidade; deve visar aos pequenos, aos desagregados e excluídos em geral. O próprio Jesus não veio ao mundo para ser servido, mas para servir (Marcos 10.45). Ele nos ensina a servir no reino, dando abrigo às aves do céu, fazendo sombra, dando possibilidade das aves criarem seus filhotes e crescer na vida, com Deus e com seu semelhante. Servir a Deus no reino é muito abrangente e temos certos destaques de serviços concretos, tais como: serviço às mesas, ensino, liderança, trabalho pastoral e missionário, de contribuição, de misericórdia, assistência aos necessitados etc. Há vários serviços para os servos. Você já descobriu qual o seu serviço no reino de Deus? Saiba que Deus o chamou para servi-lo no seu reino, adorando, orando, com toda a sua vida, obedecendo seu chamado de todo coração, num agir novo, na missão!’

Sinopse do Tópico (3)

A missão da Igreja no mundo é proclamar o evangelho, viver a comunhão, servir a Deus e acolher o próximo.

CONCLUSÃO.

Nós pertencemos ao reino para o serviço! Deus nos gerou e nos fez participantes do seu reino. A missão primordial da igreja no que diz respeito ao mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fizeram Jesus e os seus discípulos. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos, famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho são as boas novas de Deus para todos os aspectos da vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do evangelho não vai se limitar ao aspecto religioso e à dimensão individual (experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo sobre todos os aspectos da existência. Que sua vida seja uma vida de serviço a Deus e aos seus semelhantes. Que você seja sombra e um local propício para as pessoas encontrarem abrigo e direção, ‘E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido’ (Gl 6.9).

Fonte: Publicado no blog Auxilio ao Mestre

Subsídio Teológico

INTRODUÇÃO.

O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da igreja. A atuação dos crentes da igreja em Jerusalém para o serviço resultou na conversação de muitas pessoas (At. 2.47). Na aula de hoje estudaremos a respeito da relevância do serviço cristão. No início da aula definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida, ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço. Ao final, refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja primitiva em Jerusalém.

1. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES.

No Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço é abad, usando tanto no contexto religioso quando de trabalho. Um exemplo de serviço é a condição de servidão de Esaú em relação a Jacó (Gn. 25.23). Quando o termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar, servir, oficializar”, comumente usado para se referir aos trabalhos realizados no palácio real (II Sm. 13.17; I Rs. 10.5) ou nos serviços públicos (I Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10) Sarat aponta para a condição de “ministro” ou “servo”, como Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28) e aos anjos que servem a Deus (Sl. 104.4) O conceito bíblico de serviço, No Novo Testamento, vem do grego diakonia, do verbo diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de servir às mesas (At. 6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (I Tm. 3.10,13). O ato de Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de serviço (Mt. 20.28). O verbo douleuo, em grego, também se refere ao serviço do cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado para “ser escravo”, ou de “alguém que se conduz em total serviço ao próximo”. Jesus destaca, em Mt. 6.24, que ninguém pode servir a dois senhores. Em Rm. 6.6, Tt. 3.3 e Gl. 4.8,9 Paulo explica que todos aqueles que se encontra fora da esfera da graça são servos do pecado. Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma ao outro em amor (Gl. 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está restrito àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os primórdios, os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada um (At. 4.32-37; II Co. 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.12).

2. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO.

Jesus quis deixar aos seus discípulos o exemplo de serviço, e isso se fazia necessário porque, naqueles dias, assim como atualmente, são poucos os que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser senhor (Mt. 20.20-27). Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de quem seria o maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar aos crentes de Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória celeste, e assumiu a forma de servo (Fp. 2.5-8). No capítulo 13 de João, o Senhor revela a beleza do serviço cristão, e esse, na verdade, não se reverte, pelo menos na dimensão terrena, em ostentação, mas em sacrifício e humildade. Primeiramente, a motivação do relacionamento de Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele os amou até o fim (Jo. 13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento deva ser o amor, aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão amigos de verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser entregue às autoridades romanas para ser crucificado, o Diabo já havia se apossado do coração de Judas para trair o Senhor (Jo. 13.2). Mas Jesus sabia que tudo estava entregue nas mãos do Pai, e que Ele, em Sua soberania, controlaria todas as coisas (Jo. 13.3). Quando o cristão tem convicção do Senhorio de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos, pois sabe que o Senhor tem as situações em Suas mãos. Com base nessa certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu os lombos, numa atitude de alguém disposto a servir (Jo. 13.4). Em seguida, passou a lavar os pés de cada um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a enxugá-los com a toalha (Jo. 13.5). Jesus mostrou condescendência até mesmo com aquele que haveria de trai-lo, do mesmo modo, o Senhor nos desafia a servir aqueles que nos fazem o mal. Pedro reconheceu que aquela era uma atitude humilhante, por isso, se opôs ao ato de Jesus (Jo. 13.6). Pedro não havia compreendido ainda a natureza do serviço cristão (Jo. 13.7). Há muitos hoje que não sabem ainda o que significa servir a Cristo e ao próximo. Não são poucos os que querem ser líderes na igreja, apenas para desfrutar das honrarias, que consideram ser inerentes aos cargos. Pedro se mostrou relutante em ter seus pés lavados por Jesus, reafirmou sua insatisfação diante daquela demonstração de serventia (Jo. 13.8). Lavar os pés das visitas era uma atitude comum naqueles tempos, mas geralmente desempenhada pelos mais simples serviçais da casa. Por essa razão Pedro pediu ao Senhor que não apenas lavasse os pés, mas as mãos e a cabeça (Jo. 13.9). Jesus destacou que eles estavam limpos, exceto Judas, mas que todos precisavam daquela lição (Jo. 13.10,11). Após aquele ato de demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus discípulos, seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e Senhor, no entanto, ao invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua disposição para o serviço (Jo. 13.12) e deixar a instrução para que seus discípulos fizessem o mesmo (Jo. 13.13,14). Portanto, aquele não era um ato apenas para ser admirado, mas para ser imitado na prática cotidiana (Jo. 13.15,17), considerando que, no Reino de Deus, maior é o que serve mais (Jo. 13.16).

3. UMA IGREJA QUE SERVE.

A Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do Mestre Jesus. Aquela não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida em que essa começou a crescer, os problemas também apareceram (At. 6.1). O exemplo daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado, viviam “na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At. 2.42). Os primeiros crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo moderno, mas de uma disposição voluntária para servir ao próximo, pois “vendiam sua propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.44). Não que essa fosse uma realidade em todas as igrejas do primeiro século. Alguns estudiosos admitem que a pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa generosidade “precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do texto, pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta. Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como doutrina, já que não encontramos respaldo no contexto geral da Escritura, nem mesmo no próprio livro de Atos (At. 5.3). Contudo, o princípio de partilhar com os necessitados não podem ser descartados, pois o encontramos em várias passagens da Bíblia, que nos orientam a esse respeito: II Co. 8.9-15; 9.6-15; I Jo. 3.16-18. A Igreja que é cristã se preocupa com os necessitados, não fecha os olhos aqueles que padecem privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade, mas o ser humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito, alma e corpo (I Ts. 5.23).

CONCLUSÃO

O chamado do cristão se assemelha ao de Cristo, portanto, dever buscar servir, não sermos servidos. Esse é um desafio para o individualismo moderno, poucos são os que estão dispostos a abrirem mão da zona de conforto. Há até os que não querem qualquer envolvimento com as pessoas, principalmente os que sofrem, para que não sejam “contaminados” com o sofrimento dos outros. Paradoxalmente, o apóstolo Paulo orienta aos crentes a “chorarem com os que choram” (Rm. 12.15). Somos cristãos não para “parar de sofrer”, como propagam alguns, mas para sofrer com os que sofrem, somente assim viveremos o amor de Cristo, isso porque não existe amor sem sacrifício. Deus deu o exemplo maior de amor e sacrifício (Jo. 3.16; Rm. 5.8), assim devem agir todos aqueles que são servos genuínos (Jo. 12.26).

BIBLIOGRAFIA

PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

Fonte: http://www.subsidioebd.blogspot.com/